sábado, 27 de outubro de 2012

Perhaps


Eu começo, termino, repito e mantenho. Talvez seja natural, talvez meu subconsciente pregando uma peça e sorrindo para mim. A única certeza que eu tenho é a de que aqueles dois anos carregam os dias mais preciosos que vivi. Aqueles em que você se sente completo e nada de ruim pode acontecer. Aquela felicidade que irá mexer com você sempre que relembrar cada segundo. Aqueles que fizeram minha integridade, meu centímetro mais importante.
Eu tinha uma vida boa, bons pais. Amigos dos quais eu gostava e gostavam e mim. Só vinha uma respostam em minha mente e era: Eu estava bem. Ainda assim, o que era bem naquela época? Faltava algo. Faltava um sopro de vida, um frescor do amanhecer. Algo que eu só encontraria além da estrada. Por isso eu parti. Troquei a segurança de casa pelas surpresas do desconhecido.
Eu não quis abandonar ninguém. Eu não me sentia muito mal e nem brava com alguém. Eu queria que as pessoas com quem eu passava meus dias, entendessem isso. Que compreendessem o verdadeiro motivo da minha fuga. Uma porta havia sido aberta e resolvi aproveitar. Não foi fácil, eu senti falta de alguns, mas quando o momento chegou, eu não hesitei em partir, era a coisa certa a fazer. Gostaria que ao menos uma pessoa entendesse isso.
Por dois anos eu conheci um novo mundo. Não precisei de mapas nem guias porque, eu finalmente havia me encontrado. Sentia a mim mesma no espaço. Conheci novas pessoas e por dois anos seus sorrisos foram meus por-dos-sóis. Não existia uma guerra em meu subconsciente. Minhas ações fluíam. Presenciei a liberdade de ir aonde eu sentia que era melhor. Eu fui capaz de sonhar e tornar tudo em realidade. Arriscando até meu último centímetro.
Quando voltei, tudo havia mudado. Eu, os locais, as pessoas. Não fui mais a protagonista, agora eu era uma telespectadora, mas isso não me incomodava. Novamente eu estava em outro mundo, conhecendo outras pessoas (já que as antigas não mais me eram próximas), vivendo e dentro de um balanço como o do oceano.
Alguns dias atrás um velho amigo veio me visitar. Ele apareceu com perguntas normais: Por que eu havia partido? Por que sua garota favorita o havia abandonado? Eu sorri, como sempre fiz com ele, e respondi com o que eu havia vivenciado. Ainda questionado se eu não havia me arrependido de nada, ele perguntou se eu faria tudo de novo caso fosse possível voltar àquela exata noite em que parti. Talvez eu pudesse ter ficado lá. Talvez eu pudesse ter ficado aqui e aprendido a viver por estes campos. Talvez. Eu sei que a maioria das pessoas que conheci irá mudar e sei que isso serão apenas memórias, mas eu não me importo. Eu amo o “eles” daqueles momentos porque, por dois anos eu fui feliz e não devi desculpas a ninguém.  Aproximei-me calmamente de seu ouvido e sussurrei “Claro que sim”.
                                                                                                                                                       -Nick

Um comentário:

  1. Oh, você é a minha garota favorita, Nico. Muito bom mesmo, parabéns (:

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