segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pelo meu olhar


Eu sei como todos vão reprovar as minhas ações e lágrimas de culpa e de vergonha serão derramadas pela manha, mas também sei que no fundo todos terão um certo alívio e que eu estarei livrando todos de uma situação muito pior. Haverão aqueles que falaram sobre isso em um tom estúpido dizendo que eu não tive os “culhões” de encarar a situação. Que eu exagerei, que minha situação não tinha relevância nenhuma. Porém eu já posso confirmar que eles não conhecem a realidade de estar desesperadamente apaixonado e é exatamente a minha falta literal de “culhões” que torna este amor inconsolável impossível.
  Eu não vou me dar ao trabalho de explicar a minha breve história, de como eu nasci pensando em alemão e como todos a minha volta me explicavam que eu deveria pensar em latim. De como eu era o Omega em uma terra repleta de Alfas e Betas. De como meu pai, do observador que ele é, descobriu tudo logo de cara e me julgou no momento seguinte. Eu não entro em detalhes de momentos específicos de brigas, preconceitos, de todas as escolas e até cidades pelas quais eu fiquei pulando como uma menina jogando amarelinha porque eu nunca prestei muita atenção. Eu sempre ignorei tudo que podia como se esse dom pudesse ser orquestrado. Eu sempre soube que o momento em que abriam a boca pra mim nenhum comentário era feito esperando uma resposta ou opinião minha, todos os julgamentos e esporros que eu recebi já eram delatados pelo olhar que as pessoas me davam nos segundos antes de colocados em ação. Eu simplesmente ignorava tudo a minha volta. Cada piada, cada comentário nos corredores e boato que fosse inventado eu fui ficando cada vez mais longe. E por mais que eu me pergunte porque a mediocridade de todos vocês é tão grande e de como vocês esperavam algo que não fosse o silêncio de alguém que todos as noites sonhava com o dia em que os silenciados fossem vocês, eu não vim aqui gerar mais discórdia. Porque apesar de tudo isso que recebi, eu sempre continuei acordando. O foco de tudo isto é outro. 
  Isso é sobre você Cristina. Assim como qualquer coisa que eu tenha presenciado depois de te conhecer foi e como tudo vai ser até daqui a pouco onde não vão existir mais momentos meus a serem presenciados. Eu perdi a conta dos dias a muito tempo atrás, mas eu me lembro bem de quando eu te vi pela primeira vez. Quando você primeiro chegou a escola, usando aquele suéter vermelho uns três números maior que o seu, com uma expressão de inocência no rosto, talvez com medo daquela nova escola. Eu fui guiada automaticamente na sua direção, mesmo sem ter o que dizer, mesmo que eu estivesse naquela escola à apenas um ou dois messes amais do que você e não tinha como me oferecer pra te mostrar as salas porque acabaríamos perdidas. Cheguei até você e te disse oi, você sorriu, eu queria me afogar entre seus lábios abrindo. Eu queria me perder com você onde fosse e que ficássemos grudadas e nunca encontrássemos a saída. Você se apresentou e eu menti dizendo que podia te levar até a coordenadoria, seja lá onde fosse. Eu sabia que a escola inteira havia congelado, primeiro pelo fato de você haver entrado e segundo por aquelas serem as primeiras palavras que todos realmente ouviam sair da minha boca. Quando por algum acaso chegamos aonde você precisava eu pude ver que você iria ter 3 aulas comigo, como se fosse destinado a acontecer. Pela primeira vez eu senti que alguma sorte havia chegado pra mim, que eu lá estava o universo me apresentando alguém que eu não iria precisar ignorar como todos os outros e finalmente meus ouvidos iriam ser utilizados para algo além de transportar as músicas da Laura Love para o meu cérebro. Nós passamos o intervalo juntas, explicando uma pra outra de onde éramos, o que queríamos fazer, eu não sabia direito o que responder porque o futuro sempre me pareceu tão incerto quanto o passado e eu não queria dizer nada que fosse entrar em discordância com algum caminho que você tinha planejado para sua vida. Aquilo era um abuso do universo, era o destino brincando com a minha cara, não havia nada em você que não fosse surpreendente e espetacular, não havia nada que houvesse marcado algo na minha vida que você já não conhecesse ou achasse incrível também. Você conhecia Intriga e Amor e sabia que foi escrita por Schiller, e por mais geeky que isso soe, foi ai que eu senti que meu coração iria pular pela minha garganta. Parecia que quando você se bastava de palavras, eram as mais belas citações que tomavam conta das nossas conversas. Você deve ter sentido algo assim, era um sentimento forte demais entre nós pra você não sentir, mesmo que não fosse na mesma intensidade você deve ter sentido, tenho certeza que sim.
  Eu te acompanhei pra casa todos os outros dias da semana, com a desculpa de que eu tinha que visitar meu pai no trabalho, mesmo que ele estivesse de licença e nós vivêssemos em outro bairro. Foi simples e natural compreender que você era a única pessoa capaz de me dessecar por completo e me preencher de algo que não fosse indiferença. Que você é feita pra mim e insubstituível, nesta vida e em todas que estão por seguir. Estava tão cega de fascínio que nem me preocupei com o fato de você ter uma certa diferença de mim. Não tinha me dado ao trabalho de pensar que o “nós” que você via poderia ser diferente do meu.
  O lance é que, como eu disse no começo, eu sempre soube, nunca descobri nada, foi inerente a qualquer outro aspecto inato do meu ser, veio com os sentidos, as primeiras palavras, a falta do “latim” no meu pensamento. Talvez eu fosse a típica Tomboy e não me lembre, por tanta revolta que isso gerou na minha própria casa eu me afastei de qualquer coisa que fosse me causar desconforto. Uns chamam de trauma, chame do que quiser. Nunca fui atrás de gente como eu, por mais que existem muito mais do que qualquer um possa imaginar e acabei sempre recusando os pedidos que chegaram em mim por nunca achar que valiam o esforço de sair da inércia de indiferença que eu tinha com o mundo. Sempre estive bem o suficiente sozinha até imaginar uma vida com você. Uma vida sem dias ruins, acompanhados com trocas de olhares matinais, palavras de amor pela tarde e abafadores conclusivos ao anoitecer. Como eu te desejo tanto aqui comigo. 
  Enfim... foi ai que a realidade despencou em cima de mim. De repente comecei a perceber que você tinha uma leve diferença de mim, que você preferia....falar “latim”, que por mais raros que fossem os garotos que te impressionassem, eles ainda existiam. Eu me lembro bem do meu pânico, de pensar que todos os momentos que eu visualizei nós duas juntas foram apenas miragens e não visões do futuro. Houve aquele dia em que você me convidou para dormir na sua casa e eu tive de dizer que estava passando mal e sair de lá no meio da noite só porque eu não ia me conter e acabar fazendo alguma coisa se eu continuasse na mesma cama que você por mais alguns minutos. Sei que eu poderia ter tentado, que eu deveria ter falado alguma coisa, mas eu sabia que não conseguir suportar você falando pra mim que isso não ia acontecer, que seus interesses eram outros. Ia ser demais pra mim e eu não gostaria de sair daqui com essa visão ruim.Você não iria mudar, você já é perfeita demais assim, e eu infelizmente não consigo mudar também. Por tanto escolhi sair daqui com um sorriso no rosto, sem alguma coisa pra borrar as lindas visões que eu tenho de nós duas, juntas pra sempre...


- Hoje morreu uma garota da minha escola. Uma amiga, se é que posso dizer, nos conhecíamos faz só dois messes, não é muito. Natália era o nome dela. Nós nos divertimos bastante, ela parecia alegre quando conversávamos e foi a primeira pessoa a me receber nesta nova escola. Não era difícil de perceber que ela não tinha outros amigos e que provavelmente ela só foi gentil comigo para talvez sair dessa solidão. Ainda assim era divertido as vezes. Ela falava de milhares de coisas, bandas e livros que eu nunca tinha ouvido falar mas entrava na conversa e consentia com tudo que ela falava por pura vergonha de admitir que eu não conhecia nada daquilo. O que ela mais gostava era uma peça alemã....acho que era amor e.... não me lembro, algo do Goethe. Natália sempre ficava calada e desconfortável quando outra pessoa vinha falar comigo, era meio chato, todos percebiam isso. Isso só foi aumentando os boatos que falavam sobre ela, eram coisas bem estranhas, não sei se alguma delas era verdade. Parecia que ela vestia uma máscara no dia-a-dia e que uma hora ela ia acabar caindo e ia explodir, talvez isso que tenha acontecido, ela se suicidou. Pelo menos ela não fez nenhum escândalo antes disso.  Só teria comprovado todos os boatos.            
                                      
                                                                                          - Nick.                                                                         

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Eu Desisto

1 é o numero mais solitário já escrito
Essas coisas acontecem, junto com elas vem o perigo.

Perigo de ser julgado, afinal nada mais justo que equivalência
Essas coisas acontecem, você sairá machucado independente de sua crença.

Amor  é o sentimento mais  incompreendido já criado
Perigo de ser insultado, inusitado ou até se sentir deslocado.

Mas que chance tinha isso de dar certo, qual era probabilidade?
Porém coisas assim acontecem até com nossa vulgar distinção de idade, maturidade e sensibilidade.

1 é muito pior do que dois, muito mesmo
Essas feridas só conseguem ser curadas pelo tempo.

Por mais clichê que possa soar todo tipo de expectitiva
“Não foi culpa minha”
Isso é o que ela diria
Afinal que chance isso tinha?

Prepare uma lista por que você vai precisar
Já que isso não irá parar

A culpa é de quem somos

1 é o pior numero de todos.
                                                                 -Kauwba

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O que te disse antes do "oi"

Durante meu último semestre de aulas, ao menos uma vez a cada semana, eu avistava uma garota loira pelos corredores da escola. Ela tinha cabelos curtos e lisos, com a leve presença de uma franja e um estilo que agradava demais. Ela era baixinha, uma pessoa pequena. Sei que ela estudava um ano abaixo do meu e sei que achava-a incrivelmente linda. Eu nunca tomei coragem para falar com ela, também nunca perguntei seu nome a ninguém, mas adorava sorrir diretamente para ela, quando passava por mim. Embora que algumas vezes eu sentisse demasiada vergonha para efetuar algo tão pequeno quanto esse simplório movimento.

Apesar de tudo, eu não desisti, sorri para ela todas as vezes que a vi, ainda que não me vise, ainda que com o olhar eu não sorrisse. Ela devia achar-me louco, concordo com ela. É sempre necessário um toque de loucura para deixar de fazer algo quando não se tem nada a perder.
    -Nick.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

All by my own.

"How would my week be different without my cellphone?"

As a work for our English class, our teacher propouse us to reflect about this topic.
It's more than clear cellphones have reformulated the way people interact with each other. It is our closest gadget and our first door to conectivity. So how their loss would affect us? There are those who argue that they would rather die than spending a day without their cellphones, so we had to figure out how it would be our "ancient" week. Here comes our reflections:

I would probably start seeing things that in the ordinary rotine are ignored. But if we look back in days of the past, it wasn't that weird, the experience of not having a cellphone. Maybe those little diferences are what made our childhood, and for some, a holy untouchable period of time.
                                                            - Kauwba

I just got back from a exchange experience that much relates to this topic. I was in Berlin (and in the beginning) without knowing how to speak German and without knowing anyone except my family there. They gave me an old cellphone that I barely used in the first couple of months. It was a weird experience, having a cellphone but no one to call. If that happened here now I would probably seize the time I have with my friends at school. Information and organization would worth more, and maybe, I'd become more focus while studing at home.
                                                           - Nick


domingo, 11 de agosto de 2013

Quem sabe...?

Naqueles momentos em que você pede por sentido e é respondido por um silêncio ensurdecedor, naquele momento que você acorda do conforto de seu sonho, naquele momento que você percebe, que você na verdade não "percebe", foi nesse momento que ele não aguentou.
Onde alguns podem encontrar a curiosidade, novas possibilidades, um novo mundo em sua frenteele encontrou o vazio, o terror do desconhecido, o sufoco do vácuo e finalmente o silêncio.
Sem se quer se despedir dos poucos corações que ele partiu, ele se foi, desistiu de tentar entender o estranho mundo em que viveu. Quem sabe ele fez a coisa certa, no fundo todos sabemos que nossa existência no fim é relativamente insignificante, e quem sabe o mundo seja apenas uma bomba relógio esperando para recomeçar o cronometro, quem sabe realmente existe um tal "lugar melhor" e ele esta lá rindo de todo mundo aqui, tentando alcançar a perfeição mesmo sabendo que a mesma não existe, correndo como ratos de laboratório num experimento.

Muitos perguntam o porquê de que ele fez, acho que tinha chegado a um ponto que a pergunta para ele era porque não? Já eu, consigo pensar de tantos motivos tanto para fazer e não fazer o que ele fez e estranhamente não da para se dizer que algum tenha mais razão que o outro. Muitos dizem ser um ato de covardia, porém acredito que seja algo que necessite de muita coragem para se fazer. As chances de ele ter uma vida miserável eram bem maiores do que de ser bem-sucedida, e as chances de pequenos lampejos de felicidade e esperança fizessem ela valer a pena de qualquer modo que fosse era igualmente provável.
Se no fim ele não sabia o que estava fazendo ou simplesmente não se importava, ninguém vai saber.
Quem sabe no fim isso vai de alguma maneira gerar algo positivo ou quem sabe ele faria grandes coisas com sua vida e tudo ficaria bem. Quem sabe... ?

O que eu sei, é que provavelmente eu sei muito menos do que você.

Mr.T

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O fim do Blog.

Hoje vimos por meio de este texto comunicar a todos estimados leitores (eu sei que vocês estão perdidos por ai) que o 4x1 acabou indefinidamente. Morremos de um sentido mais metafórico que poético e ainda assim não largaremos o blog, não desistimos. Alguns mudaram de opinião, outros foram estudar para o vestibular e ou arranjaram namoradas, entretanto nunca desistimos. Afinal, não se desiste da morte, ela simplesmente apresenta-se independente de sua vontade.

Morremos e nascemos diariamente (imaginamos), quantas vezes chegamos a uma ideia nova e refletimos do quão desnesessários eram os erros passados, percebemos como entendemos tão pouco e ao mesmo tempo temos algo de um valor inestimável. A vida sem uma renovação mental é algo miserável sendo que conservar os mesmos valores pré-definidos, independentemente do nível de pessimismo, não faz sentido, podemos sempre melhorar. Dando certo ou errado, é o que sempre buscamos.

Após dois tenebrosos messes sem qualquer sinal de vida, já estávamos até mesmo reconfortados. Porém, jamais existiria morte se não existisse vida. Caso a imortalidade fosse algo tangível, a morte seria o bem mais almejado, tendo em base que nós, seres humanos, teremos com desejo o inalcansável ou fantasioso. Assim que nasceu um novo blog que mal adquiriu consciência, não sabia (ou sabe) seus objetivos, não tem metas e não faz ideia do futuro. Esse bebê promete tentar o seu melhor, já que só se vive uma vez, sem ressentimentos, sem arrependimentos ou medos.


A partir de agora qualquer pedido nos comentários será atendido, se você leitor quiser ler uma critica ou opinião, nós o faremos. Se quiser que uma história tenha algo específico, nos o faremos. Deixo agora os comentários para sua criatividade e só peço apenas uma coisa: surpreenda-nos.
                                                                                          - 4x1

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Espaço Tempo Finito

Era uma Quarta-feira, chovia muito.
Lucas entra em casa, cabisbaixo. Como se o apartamento não lhe pertencesse. Vai até o telefone e checa se há alguma mensagem. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Lucas solta sua maleta na mesa e se deita no sofá. Ele é desconfortável. Uma peça que o incomoda há muito tempo, mas não é como se seu trabalho estivesse indo bem o suficiente para dar-se ao luxo de consertar esse problema que parecia miserável comparado aos os outros.

Vamos recomeçar. Ele estava tendo um dia ruim. Não é como se sua vida inteira houvesse sido um desperdício, o que não significa que se pudesse ressaltar algo de magnífico.
Após meia hora, Lucas levanta do sofá e vai até a geladeira.
Vazia. Freezer então.
Esse continha duas lasanhas quatro queijos de uma marca tão conhecida quanto o nome daquela parte de plástico no final do cadarço. Ele coloca uma deles para esquentar. O micro-ondas mostram que são 21:22 e ele sente uma pontada no coração. Foi algo passageiro, nada que não fosse normal ou que nunca houvesse acontecido antes.

A lasanha fica pronta e ele começa a comê-la. Tenta se lembrar de quando foi a última vez que comeu algo decente.
Não consegue.
O pensamento de que esta miserável noite esta acontecendo apenas por ser o meio da semana passa pela sua mente, mas no fundo ele sabe que se fosse sexta ou sábado estaria acontecendo provavelmente a mesma coisa. Ele termina e vai para o quarto. Liga o computador e se alivia um pouco.
Não ajuda.

Ele deita na cama e demora até conseguir dormir. Até não pensar em mais nada.
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Era uma Quarta-feira, um típico dia de primavera. Não estava nem muito frio, nem muito quente. Havia uma brisa gostosa que circulava pelo ar.
Lucas e Irene entram em casa. Os dois carregam compras e ajeitam tudo na cozinha. Ela lhe conta como foi seu dia; como sua companheira Luisa estava indo no seu novo namoro; sobre o cliente Sul-africano que fez sua visita semestral e como ela estava com vontade de ir jantar na costa no final de semana, como eles fizeram a dois meses atrás. Lucas sorri. Conta como havia sido um dia normal na empresa. Os projetos estavam no prazo, mas seu colega Gustavo havia ficado doente esta semana, então ninguém poderia se dar ao luxo de deixar algo escapar até que ele voltasse. Ele já havia telefonado e desejado melhoras.

Juntos preparam o jantar. Algo simples, já que é apenas o meio da semana.
Assim que eles terminam Irene liga a Tv e se ajeita no sofá para ver a novela. Ela o chama, mas ele responde que precisa responder alguns E-mails antes.

Lucas vai para o quarto. Checa os nove novos E-mails que recebeu. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Vê o horário no computador. 21:22. Ele sente uma pontada no coração. Estranha. Nada sério, porém que incomodou. Havia feito seus exames quatro messes atrás, não tinha muito com o que se preocupar.
Volta para a sala e assiste o resto da novela com Irene. Ela termina e eles assistem a um filme que estava passando em outro canal. Aparecem os créditos e os dois vão logo dormir. É mais um dia pela frente amanha. 
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É uma Quarta-feira, está frio. Apesar do clima tranquilo das outras semanas, esta veio com uma frente fria que, segundo os jornais, iria durar até Domingo.
Lucas escuta a briga entre o casal que mora no apartamento a sua frente antes de entrar. “Deve ser a semana para isso”, ele pensa enquanto entra em casa rapidamente. Fecha a porta e da um longo suspiro, mas o ar parece gasto. A casa não parece muito feliz em recebê-lo. É exatamente ao entrar que ele se pergunta o que faz ali. Tudo o lembra dela. As paredes. A mesa de jantar. As cortinas e até os porta-retratos com fotos em que ela não aparece. Objetos que ele havia adquirido muito antes de conhecê-la, agora se encontravam impregnados.

Ele se arrasta lentamente pela parede até sentar no chão. Sente como se estivesse caindo infinitamente num poço. Um lugar que, se fosse possível, ia ficando mais e mais escuro a cada metro que adentrava. Ele se sentia destruído, abalado. Nunca antes tivera uma relação tão sólida ou um término tão destrutivo. Ele não gostava de pensar que amar é um problema quando não se é recompensado. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda pensa assim. Carol fazia muita falta. Haviam se passado apenas três dias, mas eles foram o suficiente para mostrar que a partida era para sempre.
Seu celular começa a tocar. É André, seu grande amigo, ligando provavelmente para chama-lo para sair no meio da semana, apenas para coloca-lo para cima. André é um bom amigo com boas intenções, mas Lucas não se da ao trabalho de atender. Ele desliga o telefone e deita por completo no chão. O poço é interminável.

Já esta na hora que ele costuma jantar, mas só de pensar em mover-se já lhe traz um enjoo. Ele começa a sentir mais frio. Olha para o relógio para ver quanto tempo se passou dessa atuação adolescente que ele vinha efetuando. São 21:22. Ele então sente uma pontada no coração. Parece muito pior do que realmente pode ser. Morrer agora simplesmente iria fazê-lo chegar no fundo daquele poço.
Ele se levanta, esquece todo o trabalho que tem pendente e vai direto para a cama. Ter pesadelos de como o dia de amanha será exatamente igual.  
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Era uma Quarta-feira, estava abafado. Era de longe o dia mais quente da semana, talvez do mês.
Lucas chega em casa suando um pouco. Abre as janelas, mas arrepende-se e logo as fecha. Senta no sofá e vê seu gato. Melhor, o gato de Maria. Ele sempre parecia estar à espreita. Como se gravasse tudo que via e ouvia naquela casa para então entregar um resumo a uma agência de espionagem.  Ele não tinha problemas com o gato. Preferia cachorros, como os que tivera na sua infância, mas sabia que eles requeriam mais responsabilidade. O gato, naturalmente, sabia se virar e conhecia a casa até melhor do que ele. Nunca incomodava. Não havia porque criar problema.

No momento em que ele se levanta para ir até a geladeira, Maria abre a porta. Ela está usando um vestido florido, vermelho com branco, que comprara dois meses atrás. Maria era uma mulher tão sexy que na sua presença, era como se o coração e a visão de Lucas não fossem aguentar tanto e teriam de explodir.  Ela mantinha aquele charme inconfundível independente da roupa, ou da ausência dela. Ela entra e lhe da um beijo. Pergunta brevemente como foram essas últimas horas, já que eles haviam almoçado juntos, e fala que trouxe sushi para jantarem. “Nada melhor nesse calor”. Ele se alegra com essa notícia e juntos se sentam para comer.

Maria fala sobre os novos materiais que chegaram para sua loja e ele já programa ajudá-la com isso na Sexta-feira. O sushi está delicioso. É de um restaurante no final da rua que tem um preço ótimo e uma qualidade que não se pode contra argumentar.

Assim que terminam eles vão ao Sofá. Maria lhe da um beijo. Os hormônios no ar são esquentados pelo abafo que já se encontravam. Lucas percebe o gato, mais uma vez o encarando. Ele levanta Maria em seus braços e a leva ao quarto. Apaga as luzes. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Lucas tira sua camiseta e ambos se deitam. A emoção progride, beijos calorosos por tudo, até que ele sente uma pontada no coração. Obriga-se a parar. Maria pergunta se está tudo bem. Ele diz que sim. Foi apenas um susto. Nada com que devesse se preocupar tanto. Vê a luz azul vinda de seu relógio na estante, que é a única coisa iluminada no quarto. São 21:22. Ele ignora o que quer que tenha sido e volta para ela. Os dois se entregam ao momento. Mais quente que aqueles lençóis, apenas o Sol.
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Era Quarta-feira, e estava apenas um pouco nublado. Nada de chuva, nem sequer muito frio.
Lucas entra em casa um pouco apressado. Abre a porta e corre para o banheiro. Efetua suas necessidades e então, já mais relaxado, se olha no espelho. Está com grandes olheiras. Havia trabalhado muito na última semana. Os prazos haviam se apertado e parece que tudo tinha se programado para ser entregue no final da semana. Nada impossível, só cansativo. Mais um par de dias trabalhando e tudo estaria bem. Passa uma água no rosto e vai em direção à cozinha.

Havia sobras do jantar de ontem que ainda tinham uma cara muito boa. Ele põe tudo no micro-ondas e, na espera, olha no freezer se ainda existe um pouco de sorvete para sua sobremesa. Mesmo sozinho, Lucas gostava de ter uma refeição até que completa. Ele era um dos poucos seres humanos que se preocupava com isso. Termina sua refeição e parte para o sorvete, até que sua campainha toca. Ele vai em direção à porta e mesmo já tendo quase certeza de quem é, pergunta.

“Sou eu, Lucas” diz Alina com uma voz muito triste. “Alina eu estou muito ocupado trabalhando, você precisa de algo?” “Eu só quero conversar” “Eu não tenho tempo agora, sério mesmo”, diz ele normalmente. Então ela começa a chorar. Ao ouvir os soluços, Lucas fita o chão com um sentimento repreensivo. Ele não deveria abrir a porta, mas não pode deixar alguém para fora naquela situação, independente de quem seja.
Alina entra e está com o rosto todo vermelho e inchado. Ela o abraça. Ele fica sem ação. “Calma”. Ele a leva em direção à cozinha e lhe oferece um copo de água. Ela aceita e enquanto bebe, vai se acalmando. “O que aconteceu?”. Ele realmente não se interessava, e não havia pergunta a ser feita. Ela agora passaria um bom tempo explicando algo tão simples como escrever seu nome em água. Começou o discurso de como ela não poderia mais viver assim, como ela precisava dele novamente, porque sozinha ela não estava conseguindo lidar e a vida era uma merda se empilhando por cima da outra. Alina estava tendo mais uma crise de depressão.

Alina na verdade era uma pessoa que tinha a vida como crise. Depressão é apenas uma palavra simples demais para descrever tudo que acontecia. “Alina. Você tem que superar isso, já tivemos essa conversa milhares e milhares de vezes. Já fazem cinco meses e você ainda assim continua batendo nas mesmas teclas. Nós não vamos voltar, desculpa. Não funcionamos, já deixamos isso bem claro. Já te levei a vários lugares para ter ajuda e lá você finge que quem tem algum problema sou eu. Parece que você gosta de fazer isso só para voltar. Já deu. Eu preciso trabalhar hoje.” “É que eu te amo!”, interrompe ela chorando mais do que no começo, parecendo que num daqueles soluços ela morreria. “Não diga isso. Você sabe que não é verdade, Alina. Chega.”, diz Lucas calmamente querendo encerrar a cena que iniciava. “Você não...”.

Então seu celular começa a tocar. É seu chefe e ele prometera ficar disponível a qualquer hora na semana por causa dos prazos apertados. Era obrigado a atender. Olha para ela tentando convencer “É urgente, já vou desligar”, e vai para a sala.
“Oi Mathias. Eu estou num péssimo momento agora, retorno a ligação em dez minutos e então posso resolver o que for. Se forem as tabelas, já vai me mandando por E-mail”, e desliga. Curto, porém educado.
Ele volta para a cozinha e vê Alina de cabeça para baixo. Aproxima-se e ela avança para lhe dar um beijo. Ele recua e grita para que ela se afaste. Ela avança chorando e então Lucas sente uma pontada no coração.

É algo sério.
Ela recua.

Ele vê sua faca de cozinha cravada perfeitamente entre as costelas. Sua boca se preenche com o gosto de sangue. Ele a vê chorando e gritando, mas a cada segundo sente que o volume está mais baixo. Ele vai para o chão. Soluça e cospe sangue. Faz questão de sujar as próprias mãos. Os gritos de Alina, por mais que irrelevantes aos ouvidos de Lucas, são capazes de acordar o condomínio inteiro. Ele sente frio e uma neblina invade sua visão.
Tudo vai ficando distante.

As paredes.
A vida.
Seu corpo cada vez mais e mais distante...

Eram 21:23 de uma Quarta-feira nublada em que, agora, chovia. 
                                                                                                   -Nick.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Acervo Nacional - Apenas o Fim


 O quão longe você acha que pode ir? Duvido que Matheus Souza soubesse a resposta.
Este filme não é simplesmente uma recomendação como todas as outras que fizemos aqui, pois mesmo considerando uma obra excelente, não acho que sozinha teria tanta importância a ponto de me levar a escrever esse texto (arrogância +8000).
 Em 2008, um universitário resolve escrever e dirigir um filme sem qualquer ajuda do governo. Esse tipo de historia tem tudo pra dar errado, mas não deu.
Ele pega uma câmera emprestada da faculdade, com a limitação de que câmera só pode ser transportada nas localidades do campus, ou seja, o roteiro inteiro teria que ser convertido pra outro ambiente. Assim mesmo com todas essas limitações e apenas com o dinheiro de uma rifa de Uísque (a qual o vencedor se quer veio buscar), Matheus Souza produziu um filme que o fez ganhar o festival de cinema do Rio De Janeiro e ser indicado a um festival em Rotterdam.
Como é de ser esperar Apenas o fim é um filme simples sem nenhuma ação e de 80 minutos recheados de diálogos e mais diálogos. Definitivamente não é um tipo de filme que agrada a todos os gostos.
Como não é de se esperar este filme retrata toda uma historia de amor com diálogos exemplares e com varias citações de cultura pop.
Altamente recomendável pela atuação excelente de Gregorio Duvivier, pela inspiração e pra mostrar que Glauber Rocha estava certo: pra fazer cinema só é necessária uma ideia na cabeça e uma câmera na mão.












                                                   - Kauwba
P.S.: este filme é realmente difícil de ser encontrado em locadoras (já que esta longe de ser uma produção mainstream). Então aqui vai um link caso queria assistir no Youtube (a qualidade de imagem é um merda), ou passe o mouse na imagem.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Acervo Nacional - Monstros!


O cinema mudo prova que não é necessário o uso de palavras pra conseguir uma forma de expressão que passe uma mensagem. Esse tipo de técnica limita a facilidade de criar algo, porém quando é bem feito torna-se impagável.
Monstros é uma historia em quadrinhos criada por Gabriel Duarte, que tem como inspiração principal as invasões de monstros a grandes metrópoles. Se você tem por volta de 18 anos ou menos, facilmente poderá relacionar esse tema ao programa Power Rangers, apesar dessa historia não se tratar de ninjas fantasiados defendendo cidades com seus Megazords. Essa nem e a influencia que Duarte diz ter, que seria Spectreman, porém nem eu nem (muito provavelmente) você conhecemos esse programa.
A trama é simples quase minimalista: Monstros das profundezas invadem Santos e isso resulta em pânico geral da população, todos tentam fugir abismados pelo medo, mas não Pinô: o humilde dono de um bar que mesmo sendo um homem já de idade, misteriosamente anda na direção das bestas. Sinto-me aqueles críticos exagerados dizendo isso, mas cada quadrinho é perfeitamente colocado assim criando uma obra que em minha opinião é irretocável.
Este livro é uma compra obrigatória a quem gosta de arte, sendo graficamente ou como uma maneira de contar historias. E merece, não só um espaço na sua prateleira, como também nas suas memorias mais alegres por mais que elas estejam esquecidas.
Realmente não existem palavras para descrever o quando esse livro é bom e digo isso também no sentido literal.

“Monstros!” pode ser encontrado nas melhores livrarias.
                                                                              -Kauwba.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pastel Corajoso

Um herói que nunca foi visto antes,
Apenas em sonhos delirantes,
Quem ajudaria as empadas injustiçadas
E as frituras machucadas?
O Pastel Corajoso!
Nunca antes os empanados conheceram
Um campeão tão valoroso.

- J.Kley