quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Eu Desisto

1 é o numero mais solitário já escrito
Essas coisas acontecem, junto com elas vem o perigo.

Perigo de ser julgado, afinal nada mais justo que equivalência
Essas coisas acontecem, você sairá machucado independente de sua crença.

Amor  é o sentimento mais  incompreendido já criado
Perigo de ser insultado, inusitado ou até se sentir deslocado.

Mas que chance tinha isso de dar certo, qual era probabilidade?
Porém coisas assim acontecem até com nossa vulgar distinção de idade, maturidade e sensibilidade.

1 é muito pior do que dois, muito mesmo
Essas feridas só conseguem ser curadas pelo tempo.

Por mais clichê que possa soar todo tipo de expectitiva
“Não foi culpa minha”
Isso é o que ela diria
Afinal que chance isso tinha?

Prepare uma lista por que você vai precisar
Já que isso não irá parar

A culpa é de quem somos

1 é o pior numero de todos.
                                                                 -Kauwba

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O que te disse antes do "oi"

Durante meu último semestre de aulas, ao menos uma vez a cada semana, eu avistava uma garota loira pelos corredores da escola. Ela tinha cabelos curtos e lisos, com a leve presença de uma franja e um estilo que agradava demais. Ela era baixinha, uma pessoa pequena. Sei que ela estudava um ano abaixo do meu e sei que achava-a incrivelmente linda. Eu nunca tomei coragem para falar com ela, também nunca perguntei seu nome a ninguém, mas adorava sorrir diretamente para ela, quando passava por mim. Embora que algumas vezes eu sentisse demasiada vergonha para efetuar algo tão pequeno quanto esse simplório movimento.

Apesar de tudo, eu não desisti, sorri para ela todas as vezes que a vi, ainda que não me vise, ainda que com o olhar eu não sorrisse. Ela devia achar-me louco, concordo com ela. É sempre necessário um toque de loucura para deixar de fazer algo quando não se tem nada a perder.
    -Nick.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

All by my own.

"How would my week be different without my cellphone?"

As a work for our English class, our teacher propouse us to reflect about this topic.
It's more than clear cellphones have reformulated the way people interact with each other. It is our closest gadget and our first door to conectivity. So how their loss would affect us? There are those who argue that they would rather die than spending a day without their cellphones, so we had to figure out how it would be our "ancient" week. Here comes our reflections:

I would probably start seeing things that in the ordinary rotine are ignored. But if we look back in days of the past, it wasn't that weird, the experience of not having a cellphone. Maybe those little diferences are what made our childhood, and for some, a holy untouchable period of time.
                                                            - Kauwba

I just got back from a exchange experience that much relates to this topic. I was in Berlin (and in the beginning) without knowing how to speak German and without knowing anyone except my family there. They gave me an old cellphone that I barely used in the first couple of months. It was a weird experience, having a cellphone but no one to call. If that happened here now I would probably seize the time I have with my friends at school. Information and organization would worth more, and maybe, I'd become more focus while studing at home.
                                                           - Nick


domingo, 11 de agosto de 2013

Quem sabe...?

Naqueles momentos em que você pede por sentido e é respondido por um silêncio ensurdecedor, naquele momento que você acorda do conforto de seu sonho, naquele momento que você percebe, que você na verdade não "percebe", foi nesse momento que ele não aguentou.
Onde alguns podem encontrar a curiosidade, novas possibilidades, um novo mundo em sua frenteele encontrou o vazio, o terror do desconhecido, o sufoco do vácuo e finalmente o silêncio.
Sem se quer se despedir dos poucos corações que ele partiu, ele se foi, desistiu de tentar entender o estranho mundo em que viveu. Quem sabe ele fez a coisa certa, no fundo todos sabemos que nossa existência no fim é relativamente insignificante, e quem sabe o mundo seja apenas uma bomba relógio esperando para recomeçar o cronometro, quem sabe realmente existe um tal "lugar melhor" e ele esta lá rindo de todo mundo aqui, tentando alcançar a perfeição mesmo sabendo que a mesma não existe, correndo como ratos de laboratório num experimento.

Muitos perguntam o porquê de que ele fez, acho que tinha chegado a um ponto que a pergunta para ele era porque não? Já eu, consigo pensar de tantos motivos tanto para fazer e não fazer o que ele fez e estranhamente não da para se dizer que algum tenha mais razão que o outro. Muitos dizem ser um ato de covardia, porém acredito que seja algo que necessite de muita coragem para se fazer. As chances de ele ter uma vida miserável eram bem maiores do que de ser bem-sucedida, e as chances de pequenos lampejos de felicidade e esperança fizessem ela valer a pena de qualquer modo que fosse era igualmente provável.
Se no fim ele não sabia o que estava fazendo ou simplesmente não se importava, ninguém vai saber.
Quem sabe no fim isso vai de alguma maneira gerar algo positivo ou quem sabe ele faria grandes coisas com sua vida e tudo ficaria bem. Quem sabe... ?

O que eu sei, é que provavelmente eu sei muito menos do que você.

Mr.T

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O fim do Blog.

Hoje vimos por meio de este texto comunicar a todos estimados leitores (eu sei que vocês estão perdidos por ai) que o 4x1 acabou indefinidamente. Morremos de um sentido mais metafórico que poético e ainda assim não largaremos o blog, não desistimos. Alguns mudaram de opinião, outros foram estudar para o vestibular e ou arranjaram namoradas, entretanto nunca desistimos. Afinal, não se desiste da morte, ela simplesmente apresenta-se independente de sua vontade.

Morremos e nascemos diariamente (imaginamos), quantas vezes chegamos a uma ideia nova e refletimos do quão desnesessários eram os erros passados, percebemos como entendemos tão pouco e ao mesmo tempo temos algo de um valor inestimável. A vida sem uma renovação mental é algo miserável sendo que conservar os mesmos valores pré-definidos, independentemente do nível de pessimismo, não faz sentido, podemos sempre melhorar. Dando certo ou errado, é o que sempre buscamos.

Após dois tenebrosos messes sem qualquer sinal de vida, já estávamos até mesmo reconfortados. Porém, jamais existiria morte se não existisse vida. Caso a imortalidade fosse algo tangível, a morte seria o bem mais almejado, tendo em base que nós, seres humanos, teremos com desejo o inalcansável ou fantasioso. Assim que nasceu um novo blog que mal adquiriu consciência, não sabia (ou sabe) seus objetivos, não tem metas e não faz ideia do futuro. Esse bebê promete tentar o seu melhor, já que só se vive uma vez, sem ressentimentos, sem arrependimentos ou medos.


A partir de agora qualquer pedido nos comentários será atendido, se você leitor quiser ler uma critica ou opinião, nós o faremos. Se quiser que uma história tenha algo específico, nos o faremos. Deixo agora os comentários para sua criatividade e só peço apenas uma coisa: surpreenda-nos.
                                                                                          - 4x1

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Espaço Tempo Finito

Era uma Quarta-feira, chovia muito.
Lucas entra em casa, cabisbaixo. Como se o apartamento não lhe pertencesse. Vai até o telefone e checa se há alguma mensagem. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Lucas solta sua maleta na mesa e se deita no sofá. Ele é desconfortável. Uma peça que o incomoda há muito tempo, mas não é como se seu trabalho estivesse indo bem o suficiente para dar-se ao luxo de consertar esse problema que parecia miserável comparado aos os outros.

Vamos recomeçar. Ele estava tendo um dia ruim. Não é como se sua vida inteira houvesse sido um desperdício, o que não significa que se pudesse ressaltar algo de magnífico.
Após meia hora, Lucas levanta do sofá e vai até a geladeira.
Vazia. Freezer então.
Esse continha duas lasanhas quatro queijos de uma marca tão conhecida quanto o nome daquela parte de plástico no final do cadarço. Ele coloca uma deles para esquentar. O micro-ondas mostram que são 21:22 e ele sente uma pontada no coração. Foi algo passageiro, nada que não fosse normal ou que nunca houvesse acontecido antes.

A lasanha fica pronta e ele começa a comê-la. Tenta se lembrar de quando foi a última vez que comeu algo decente.
Não consegue.
O pensamento de que esta miserável noite esta acontecendo apenas por ser o meio da semana passa pela sua mente, mas no fundo ele sabe que se fosse sexta ou sábado estaria acontecendo provavelmente a mesma coisa. Ele termina e vai para o quarto. Liga o computador e se alivia um pouco.
Não ajuda.

Ele deita na cama e demora até conseguir dormir. Até não pensar em mais nada.
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Era uma Quarta-feira, um típico dia de primavera. Não estava nem muito frio, nem muito quente. Havia uma brisa gostosa que circulava pelo ar.
Lucas e Irene entram em casa. Os dois carregam compras e ajeitam tudo na cozinha. Ela lhe conta como foi seu dia; como sua companheira Luisa estava indo no seu novo namoro; sobre o cliente Sul-africano que fez sua visita semestral e como ela estava com vontade de ir jantar na costa no final de semana, como eles fizeram a dois meses atrás. Lucas sorri. Conta como havia sido um dia normal na empresa. Os projetos estavam no prazo, mas seu colega Gustavo havia ficado doente esta semana, então ninguém poderia se dar ao luxo de deixar algo escapar até que ele voltasse. Ele já havia telefonado e desejado melhoras.

Juntos preparam o jantar. Algo simples, já que é apenas o meio da semana.
Assim que eles terminam Irene liga a Tv e se ajeita no sofá para ver a novela. Ela o chama, mas ele responde que precisa responder alguns E-mails antes.

Lucas vai para o quarto. Checa os nove novos E-mails que recebeu. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Vê o horário no computador. 21:22. Ele sente uma pontada no coração. Estranha. Nada sério, porém que incomodou. Havia feito seus exames quatro messes atrás, não tinha muito com o que se preocupar.
Volta para a sala e assiste o resto da novela com Irene. Ela termina e eles assistem a um filme que estava passando em outro canal. Aparecem os créditos e os dois vão logo dormir. É mais um dia pela frente amanha. 
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É uma Quarta-feira, está frio. Apesar do clima tranquilo das outras semanas, esta veio com uma frente fria que, segundo os jornais, iria durar até Domingo.
Lucas escuta a briga entre o casal que mora no apartamento a sua frente antes de entrar. “Deve ser a semana para isso”, ele pensa enquanto entra em casa rapidamente. Fecha a porta e da um longo suspiro, mas o ar parece gasto. A casa não parece muito feliz em recebê-lo. É exatamente ao entrar que ele se pergunta o que faz ali. Tudo o lembra dela. As paredes. A mesa de jantar. As cortinas e até os porta-retratos com fotos em que ela não aparece. Objetos que ele havia adquirido muito antes de conhecê-la, agora se encontravam impregnados.

Ele se arrasta lentamente pela parede até sentar no chão. Sente como se estivesse caindo infinitamente num poço. Um lugar que, se fosse possível, ia ficando mais e mais escuro a cada metro que adentrava. Ele se sentia destruído, abalado. Nunca antes tivera uma relação tão sólida ou um término tão destrutivo. Ele não gostava de pensar que amar é um problema quando não se é recompensado. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda pensa assim. Carol fazia muita falta. Haviam se passado apenas três dias, mas eles foram o suficiente para mostrar que a partida era para sempre.
Seu celular começa a tocar. É André, seu grande amigo, ligando provavelmente para chama-lo para sair no meio da semana, apenas para coloca-lo para cima. André é um bom amigo com boas intenções, mas Lucas não se da ao trabalho de atender. Ele desliga o telefone e deita por completo no chão. O poço é interminável.

Já esta na hora que ele costuma jantar, mas só de pensar em mover-se já lhe traz um enjoo. Ele começa a sentir mais frio. Olha para o relógio para ver quanto tempo se passou dessa atuação adolescente que ele vinha efetuando. São 21:22. Ele então sente uma pontada no coração. Parece muito pior do que realmente pode ser. Morrer agora simplesmente iria fazê-lo chegar no fundo daquele poço.
Ele se levanta, esquece todo o trabalho que tem pendente e vai direto para a cama. Ter pesadelos de como o dia de amanha será exatamente igual.  
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Era uma Quarta-feira, estava abafado. Era de longe o dia mais quente da semana, talvez do mês.
Lucas chega em casa suando um pouco. Abre as janelas, mas arrepende-se e logo as fecha. Senta no sofá e vê seu gato. Melhor, o gato de Maria. Ele sempre parecia estar à espreita. Como se gravasse tudo que via e ouvia naquela casa para então entregar um resumo a uma agência de espionagem.  Ele não tinha problemas com o gato. Preferia cachorros, como os que tivera na sua infância, mas sabia que eles requeriam mais responsabilidade. O gato, naturalmente, sabia se virar e conhecia a casa até melhor do que ele. Nunca incomodava. Não havia porque criar problema.

No momento em que ele se levanta para ir até a geladeira, Maria abre a porta. Ela está usando um vestido florido, vermelho com branco, que comprara dois meses atrás. Maria era uma mulher tão sexy que na sua presença, era como se o coração e a visão de Lucas não fossem aguentar tanto e teriam de explodir.  Ela mantinha aquele charme inconfundível independente da roupa, ou da ausência dela. Ela entra e lhe da um beijo. Pergunta brevemente como foram essas últimas horas, já que eles haviam almoçado juntos, e fala que trouxe sushi para jantarem. “Nada melhor nesse calor”. Ele se alegra com essa notícia e juntos se sentam para comer.

Maria fala sobre os novos materiais que chegaram para sua loja e ele já programa ajudá-la com isso na Sexta-feira. O sushi está delicioso. É de um restaurante no final da rua que tem um preço ótimo e uma qualidade que não se pode contra argumentar.

Assim que terminam eles vão ao Sofá. Maria lhe da um beijo. Os hormônios no ar são esquentados pelo abafo que já se encontravam. Lucas percebe o gato, mais uma vez o encarando. Ele levanta Maria em seus braços e a leva ao quarto. Apaga as luzes. Ele é um dos poucos seres humanos que ainda faz isso. Lucas tira sua camiseta e ambos se deitam. A emoção progride, beijos calorosos por tudo, até que ele sente uma pontada no coração. Obriga-se a parar. Maria pergunta se está tudo bem. Ele diz que sim. Foi apenas um susto. Nada com que devesse se preocupar tanto. Vê a luz azul vinda de seu relógio na estante, que é a única coisa iluminada no quarto. São 21:22. Ele ignora o que quer que tenha sido e volta para ela. Os dois se entregam ao momento. Mais quente que aqueles lençóis, apenas o Sol.
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Era Quarta-feira, e estava apenas um pouco nublado. Nada de chuva, nem sequer muito frio.
Lucas entra em casa um pouco apressado. Abre a porta e corre para o banheiro. Efetua suas necessidades e então, já mais relaxado, se olha no espelho. Está com grandes olheiras. Havia trabalhado muito na última semana. Os prazos haviam se apertado e parece que tudo tinha se programado para ser entregue no final da semana. Nada impossível, só cansativo. Mais um par de dias trabalhando e tudo estaria bem. Passa uma água no rosto e vai em direção à cozinha.

Havia sobras do jantar de ontem que ainda tinham uma cara muito boa. Ele põe tudo no micro-ondas e, na espera, olha no freezer se ainda existe um pouco de sorvete para sua sobremesa. Mesmo sozinho, Lucas gostava de ter uma refeição até que completa. Ele era um dos poucos seres humanos que se preocupava com isso. Termina sua refeição e parte para o sorvete, até que sua campainha toca. Ele vai em direção à porta e mesmo já tendo quase certeza de quem é, pergunta.

“Sou eu, Lucas” diz Alina com uma voz muito triste. “Alina eu estou muito ocupado trabalhando, você precisa de algo?” “Eu só quero conversar” “Eu não tenho tempo agora, sério mesmo”, diz ele normalmente. Então ela começa a chorar. Ao ouvir os soluços, Lucas fita o chão com um sentimento repreensivo. Ele não deveria abrir a porta, mas não pode deixar alguém para fora naquela situação, independente de quem seja.
Alina entra e está com o rosto todo vermelho e inchado. Ela o abraça. Ele fica sem ação. “Calma”. Ele a leva em direção à cozinha e lhe oferece um copo de água. Ela aceita e enquanto bebe, vai se acalmando. “O que aconteceu?”. Ele realmente não se interessava, e não havia pergunta a ser feita. Ela agora passaria um bom tempo explicando algo tão simples como escrever seu nome em água. Começou o discurso de como ela não poderia mais viver assim, como ela precisava dele novamente, porque sozinha ela não estava conseguindo lidar e a vida era uma merda se empilhando por cima da outra. Alina estava tendo mais uma crise de depressão.

Alina na verdade era uma pessoa que tinha a vida como crise. Depressão é apenas uma palavra simples demais para descrever tudo que acontecia. “Alina. Você tem que superar isso, já tivemos essa conversa milhares e milhares de vezes. Já fazem cinco meses e você ainda assim continua batendo nas mesmas teclas. Nós não vamos voltar, desculpa. Não funcionamos, já deixamos isso bem claro. Já te levei a vários lugares para ter ajuda e lá você finge que quem tem algum problema sou eu. Parece que você gosta de fazer isso só para voltar. Já deu. Eu preciso trabalhar hoje.” “É que eu te amo!”, interrompe ela chorando mais do que no começo, parecendo que num daqueles soluços ela morreria. “Não diga isso. Você sabe que não é verdade, Alina. Chega.”, diz Lucas calmamente querendo encerrar a cena que iniciava. “Você não...”.

Então seu celular começa a tocar. É seu chefe e ele prometera ficar disponível a qualquer hora na semana por causa dos prazos apertados. Era obrigado a atender. Olha para ela tentando convencer “É urgente, já vou desligar”, e vai para a sala.
“Oi Mathias. Eu estou num péssimo momento agora, retorno a ligação em dez minutos e então posso resolver o que for. Se forem as tabelas, já vai me mandando por E-mail”, e desliga. Curto, porém educado.
Ele volta para a cozinha e vê Alina de cabeça para baixo. Aproxima-se e ela avança para lhe dar um beijo. Ele recua e grita para que ela se afaste. Ela avança chorando e então Lucas sente uma pontada no coração.

É algo sério.
Ela recua.

Ele vê sua faca de cozinha cravada perfeitamente entre as costelas. Sua boca se preenche com o gosto de sangue. Ele a vê chorando e gritando, mas a cada segundo sente que o volume está mais baixo. Ele vai para o chão. Soluça e cospe sangue. Faz questão de sujar as próprias mãos. Os gritos de Alina, por mais que irrelevantes aos ouvidos de Lucas, são capazes de acordar o condomínio inteiro. Ele sente frio e uma neblina invade sua visão.
Tudo vai ficando distante.

As paredes.
A vida.
Seu corpo cada vez mais e mais distante...

Eram 21:23 de uma Quarta-feira nublada em que, agora, chovia. 
                                                                                                   -Nick.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Acervo Nacional - Apenas o Fim


 O quão longe você acha que pode ir? Duvido que Matheus Souza soubesse a resposta.
Este filme não é simplesmente uma recomendação como todas as outras que fizemos aqui, pois mesmo considerando uma obra excelente, não acho que sozinha teria tanta importância a ponto de me levar a escrever esse texto (arrogância +8000).
 Em 2008, um universitário resolve escrever e dirigir um filme sem qualquer ajuda do governo. Esse tipo de historia tem tudo pra dar errado, mas não deu.
Ele pega uma câmera emprestada da faculdade, com a limitação de que câmera só pode ser transportada nas localidades do campus, ou seja, o roteiro inteiro teria que ser convertido pra outro ambiente. Assim mesmo com todas essas limitações e apenas com o dinheiro de uma rifa de Uísque (a qual o vencedor se quer veio buscar), Matheus Souza produziu um filme que o fez ganhar o festival de cinema do Rio De Janeiro e ser indicado a um festival em Rotterdam.
Como é de ser esperar Apenas o fim é um filme simples sem nenhuma ação e de 80 minutos recheados de diálogos e mais diálogos. Definitivamente não é um tipo de filme que agrada a todos os gostos.
Como não é de se esperar este filme retrata toda uma historia de amor com diálogos exemplares e com varias citações de cultura pop.
Altamente recomendável pela atuação excelente de Gregorio Duvivier, pela inspiração e pra mostrar que Glauber Rocha estava certo: pra fazer cinema só é necessária uma ideia na cabeça e uma câmera na mão.












                                                   - Kauwba
P.S.: este filme é realmente difícil de ser encontrado em locadoras (já que esta longe de ser uma produção mainstream). Então aqui vai um link caso queria assistir no Youtube (a qualidade de imagem é um merda), ou passe o mouse na imagem.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Acervo Nacional - Monstros!


O cinema mudo prova que não é necessário o uso de palavras pra conseguir uma forma de expressão que passe uma mensagem. Esse tipo de técnica limita a facilidade de criar algo, porém quando é bem feito torna-se impagável.
Monstros é uma historia em quadrinhos criada por Gabriel Duarte, que tem como inspiração principal as invasões de monstros a grandes metrópoles. Se você tem por volta de 18 anos ou menos, facilmente poderá relacionar esse tema ao programa Power Rangers, apesar dessa historia não se tratar de ninjas fantasiados defendendo cidades com seus Megazords. Essa nem e a influencia que Duarte diz ter, que seria Spectreman, porém nem eu nem (muito provavelmente) você conhecemos esse programa.
A trama é simples quase minimalista: Monstros das profundezas invadem Santos e isso resulta em pânico geral da população, todos tentam fugir abismados pelo medo, mas não Pinô: o humilde dono de um bar que mesmo sendo um homem já de idade, misteriosamente anda na direção das bestas. Sinto-me aqueles críticos exagerados dizendo isso, mas cada quadrinho é perfeitamente colocado assim criando uma obra que em minha opinião é irretocável.
Este livro é uma compra obrigatória a quem gosta de arte, sendo graficamente ou como uma maneira de contar historias. E merece, não só um espaço na sua prateleira, como também nas suas memorias mais alegres por mais que elas estejam esquecidas.
Realmente não existem palavras para descrever o quando esse livro é bom e digo isso também no sentido literal.

“Monstros!” pode ser encontrado nas melhores livrarias.
                                                                              -Kauwba.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pastel Corajoso

Um herói que nunca foi visto antes,
Apenas em sonhos delirantes,
Quem ajudaria as empadas injustiçadas
E as frituras machucadas?
O Pastel Corajoso!
Nunca antes os empanados conheceram
Um campeão tão valoroso.

- J.Kley

domingo, 19 de maio de 2013

Get Lucky or Die Trying

Aproveitando o momento pré (ou pós) lançamento do novo álbum do Daft Punk, Random Access Memories pela Sony/Columbia Records nesta semana. Venho aqui abastece-los de cultura Pop e minha opinião após um dia inteiro ouvindo o álbum. 
 Aos que desconhecem, Daft Punk é uma banda formada pela dupla francesa Homem-Cristo e Thomas Bangalter em 1996. Eles tem quatro álbuns de estúdio (contando com o novo) e milhares de experiencias independentes de mixagem e a trilha sonora completa do filme Tron: O Legado (2010). 
Eu pessoalmente sou um grande fã de todo seu trabalho. Homework (1997). Discovery (2001). Human After All (2005). Tron Legacy OST (2010) e os remixes de seus próprios álbuns como Daft Club (2005). Tron Reconfigured (2011) entre outros. Sempre gostei de como esta banda de música eletrônica conseguia se diferenciar tanto das regras de estilo das outras. Sua mistura de uma variedade enorme de instrumentos com os sintetizadores e os vocais são anos luz de algo que possa ser chamado de música artificial. Daft Punk foi revolucionário. Eu considero Discovery um dos melhores álbuns da humanidade. Junto com o filme anime sem falas Interstella 5555 que tem apenas este Cd como acompanhamento musical (enfim).
Acompanho a saída do novo álbum Random Access Memories (2013) desde seus boatos e quando foi passado ao público, em Janeiro, os primeiros 15 segundos de seu futuro primeiro hit no álbum: Get Lucky. Quando ouvi aqueles pequeno pedaço de música eu admito que fiquei decepcionado. A expectativa de anos por um novo álbum de Daft Punk e a mídia que estava sendo produzida em volta dele, os segredos que a gravadora se preocupava em manter. As expectativas estava voando alto e para mim haviam acabado de colidir. Era fraco. Eram 15 segundos que não valiam toda aquela propaganda e eu esperei que não fossem os melhores 15 segundos de todo o álbum. 
Quando a gravadora liberou o primeiro hit (Get Lucky). Eu estava arrasado. E sei que entre a maioria dos fãns eu era um caso a parte. O álbum que já está em pré-venda no Itunes e tem lançamento mundial por esta semana (variando a data entre os países). Já chegou em minhas mãos portanto aqui vai uma visão mais detalhada de cada música. Com uma conclusão do álbum no geral. 

1- Give Life Back to Music, 4:34 - Uma entrada triunfal como era de se esperar pelo álbum, mas que é cortada pela revelação de um ritmo que não cativa. Dentro dos conceitos de álbum onde a primeira música deve explodir sua mente e e te fazer ouvir as músicas que estão por vir. Essa não cumpre o objetivo.
2 - The Game of Love, 5:21 - Uma música diferente, porém se mantem na base de Get Lucky. Não chama a atenção.
3 - Giorgio by Moroder, 9:04 - Está música da esperança ao resto do álbum. O começo onde é apenas uma reação feita por Giorgio Moroder é uma história simples que depois abre espaço para um instrumental eletrônico de qualidade. Lembra a música "The Grid" em na Trilha Sonora de Tron, onde Flynn (Jeff Bridges) mistura sua narração com um fundo musical. 
4 - Within, 3:48 - Começa como uma música pop, um tanto para baixo. O tipo de música que ouvimos em um dia chuvoso, entretanto ela se desenrola bem. 
5 - Instant Crush, 5:37 - Lembra um pouco, por estilo e não por imitação. A música Something About Us do álbum Discovery, um ritmo mais leve. Por consequência uma música muito boa. 
6 - Lose Yourself to Dance, 5:53 - O segundo e aclamado hit do álbum. Novamente vemos um riff muito similar ao de Get Lucky . Creio que apelaram demasiado para a voz aguda de Pharrell Williams. Só me fez duvidar mais em quem decide quais músicas serão ou não serão hits.
7 - Touch, 8:18 - Para estampar na cara de todos que neste álbum o Daft Punk decidiu ir para uma onde de música mais clássica. Temos pianos de orquestra mais presente que sintetizadores. Agora todos podem ser fãs de Elton John, Barry Manilow e Abba sem serem julgados. 
8 - Get Lucky, 6:07 - Serei curto e direto. É fraco, comum. Já ouvimos isto antes.  
9 - Beyond, 4:50 - Entrada de jornada épica de orquestra, propagandas de Final Fantasy e Jurassic Park voando pelos ares. Ainda mantém um Riff muito similar ao de Get Lucky (novidade), mas depois isso tudo se junta a uma boa levada do velho Daft e a música se mantem boa até o final. 
10 - Motherboard, 5:41 - Puro instrumental leve, o qual eles sabem fazer como ninguém. Toques de orquestra e sons literalmente oceânicos em certos momentos, mas que ainda não perdem o ritmo. Uma boa música.
11 - Fragments of Time, 4:39 - E quando finalmente abandonamos aquela pegada pop dos anos setenta, aqui está ela novamente. Uma música bem disco que acompanha belos solos de sintetizadores. 
12 - Doin' It Right, 4:11 - Existe um bom motivo para o Kraftwerk ser responsável pela revolução da eletrônica dos anos setenta e não o Daft Punk. O estilo vocal de Panda Bear nesta música já deveria estar em extinção. 
13 - Contact, 6:21 - Uma maneira incrível de encerrar o álbum. Realmente uma das melhores. Vai progredindo com aquele gosto de Daft Punk, que junta um ritmo de cada vez até no fim formar algo completo e extraordinário. 

Bem, ao meu ver Random Access Memories é uma tentativa de voltar as origens do que o Daft Punk chama de música Pop  e não Eletronic Pop. Ele tende mais à música clássica que a nova. O álbum conta com muitas participações, que variam de Pharrell Williams (Muppets OST) até Julian Casablancas (The Strokes) e uma orquestra completa. Agora sendo realista e direto, 70% do álbum é uma memória da mesma experiência musical. São músicas muito similares, mesmo que de diferentes estilos, elas acompanham a pegada de Get Lucky que eu já estou cansado de relembrar. Não foi o suficiente para eu perder minha fé em Daft Punk, porém foi o suficiente para me decepcionar. Nota: 6/10. 
Eu apenas espero uma boa trilha sonora para o próximo Tron. 

Sei que muito podem discordar de mim, mas eu peço que venham realmente falar. Eu adoraria ter uma segunda opinião sobre o álbum. Os que não conhecem Daft Punk, espero que vão atrás das referências que apresentei porque eles são realmente uma grande banda. Obrigado 
                                                                                         - Nick

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Você e Eu


Sou impaciente, incompreensível, ignorante, desleixado, injusto, despreocupado, invejoso e mais.
Reclamo que você nunca diz que me ama.
Reclamo porque você fala isso demais, já perdeu a emoção, tornou-se automático.
Penso somente em que atos podem me afetar.
Rio dos outros e sinto raiva de que riam de mim.
Não sou racista até que alguém de outra raça me roube.
Não sou homofóbico até que minha mulher vire lésbica.
Não sou religioso até não acreditarem no meu único deus.
Não sou ateu até me privarem de algo que gosto.
Odeio pessoas negativas por me colocarem sempre para baixo.
Odeio pessoas positivas por estarem sempre para cima.
Sou realista, até passar a odiá-los também por querer super-reagir a alguma situação.
Leio, escuto, visto, falo, sinto e ajo como eu quero que os outros pensem que sou.
Não ligo para o que pensam sobre mim, por pensar se ligam ou não para mim.
Grito por atenção, afinal qualquer propaganda é boa propaganda.
Odeio barulho de gente: mastigando, digitando, cantando músicas que não gosto...
Xingo por de trás.
Cometo o mesmo erro cinco, dez, vinte vezes e continuo cometendo porque não tenho noção de errado.
Chego ao ponto onde não sei se existe diferença moral entre imaginar e fazer.
Não ligo se não for meu, não é.
Apenas compreendo outro ponto de vista quando passo pela mesma situação. Antes eu não entendia, não queria entender e tinha raiva de que entendia.
Penso nas visualizações e não no conteúdo.
Vejo os filmes sempre olhando o relógio para assim que ele acabar eu poder falar que o vi.
Quando esse álbum vai acabar? Quero logo passar ao próximo.
Faço tanto aquilo que reclamo dos outros por fazerem que a palavra “hipócrita” perdeu o significado.
Sou um rebelde sem causa, um revolucionário sem solução.
De todos aqueles “In” e “Des” que eu sou, o maior de todos é indescritivelmente humano. Sou a representação do mundo e ele a minha.  
Sempre me falaram que o primeiro passo é admitir, mas nunca me contaram o segundo.
                                                                                            -Nick

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Detetive de Florianópolis "Teaser Trailer"


Finalmente, depois de 5 anos de produção e muitas brigas de elenco está chegando o grande blockbuster baseado no best seller "O Detetive de Florianópolis" de Jair Fransisco Hamms. Confira o primeiro "teaser trailer"abaixo.
http://www.youtube.com/watch?v=iBTzmHDOnJU

Dirigido pelo renomado e polêmico Kauwba, estrelado pelo mestre do overacting J.Kley  e editado pelo nosso parceiro de negócios e amigo João Batata.
O filme tem data de estreia para 20 de maio de 2013

Produção e distribuição: Studios 4x1 , Badger Productions e Groovy Films. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ciclo


Eu o via virando-se para mim, com uma expressão que não revelava de fato preocupação. Era uma face neutra, caracterizada por seu mais conhecido personagem. Foi ele que tive em minha companhia nos primeiros anos em que conheci Todd, aquele rapaz desajustado de roupas escuras, espinhas que entregavam sua idade e um cabelo pouco menos bagunçado que meu quarto nos domingos de manha, que agora olhava-me através da alma. Eu, junto com as outras pessoas da aula, pensava que Todd era um mais um esquisito, perdido no meio do mundo, com uma falta de vida contagiosa. Revezávamos todos os dias quem teria de sentar a seu lado. Foi em uma das minhas vezes que acabei tendo que ser sua dupla para um trabalho de análises históricas. Pânico: essa foi minha primeira sensação após a professora entregar-nos os temas. Enquanto minhas amigas matavam-se de rir por dentro eu me via sendo afogada em um poço que se estendia a metros da superfície. Era praticamente impossível não sentir meu desgosto por imaginar as próximas semanas tendo de trabalhar com ele, mas ainda assim ele se manteve estável, indiferente a qualquer palavra expelida ou receio sentido.  
Dou um passo à frente, o que o força a fazer o mesmo. Não dizemos nada. Não há porque estragar o momento com palavras ou quebras de ar. A eletricidade dos olhos fala mais que qualquer batimento em seu coração. É assim de repente eu sinto o personagem saindo e dando as costas para ele. Não há uma mudança em sua expressão, mas fica claro que agora eu estou de frente com seu interior, o Todd que se apresentou para mim três anos após nossa primeira conversa.


Eu sentia seu corpo com meus braços a seu redor. Analisava cada centímetro e encostava com o meu rosto a sua pele que sempre me lembravam pêssegos. Não creio que ela faça ideia da tamanha eternidade que vamos passar um longe do outro. Chegava agora o ponto onde a vida dela realmente começava e a minha acabava. Depois de tantos anos convivendo com ela era ao menos impossível acostumar-se com a ideia do meu dia-a-dia sem que ela não estivesse batendo em minha porta como uma pequena garotinha chamando seu vizinho para brincar. O fato é que com o passar dos anos tornei-me muito vulnerável a ela, de uma maneira que eu não imaginava ser capaz.
Desfazemos o abraço com a emoção de alguém que desenlaça os cadarços no fim de um longo dia ao chegar em casa. Enquanto tenho a certeza de que sua mente se preenche de nervosismo e entusiasmo pelo que está por vir, eu tiro estes milésimos para olhar para o passado. Eu mantinha uma raiva dela com o passar do tempo, por ter se transformado em algo tão importante para mim. Mantenho uma raiva minha por em certos momentos não haver lhe dito quanta sorte eu acreditava ter por haver encontrado alguém como ela ou por em outros momentos haver dito isso demais, assim entro eu nesse ciclo de insatisfação e sentimento mal balanceado. Odeio lembrar, lembrar é ruim. Eu não vivo momentos ruins, apenas lembro deles, e vivo os bons, mas minha mente não me permite lembra-los. Era por esse motivo que eu procurava sempre estar junto dela. Para que eu não me consumisse em infelicidade e me deixasse levar pelo seu toque, pelo tom da sua voz, que era tão doce quanto as nuvens atiradas no céu da primavera.  Enquanto nossos momentos fossem como o pólen que voava no ar, eu não sentia mais nada, me era descarregada a mochila e só havia leveza em meus ombros.
Está na sua hora de partir. Eu me viro de costas e dou três passos, ou foram 4? Ela então chama meu nome.

PS: Eu apenas estava no meio do escuro com o computador e resolvi fazer um pequeno teste. Sem uma história na cabeça essas palavras foram surgindo pausadamente na tela. Não tem um propósito, apenas um ensaio.                                         -Nick

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Acervo Nacional - Memórias Póstumas de Brás Cubas


                Ponho-me de frente a minha edição da Saraiva de bolso e encaro aquela caricatura pensante, enfadonha, um tanto torta e pergunto “Como você fez? Como você caracterizou esses sentimentos e ainda mais importante, está situações?” Mas ele não se da ao trabalho nem de olhar pra mim enquanto falo. Ele fica ali estático. Então vejo que estou falando com um livro e não creio que exista um tratamento específico para seja lá qual problema que eu tenha. Machado é um autor defunto há muito tempo, e não vai responder nenhuma das minhas perguntas.
 Morte e Autores, basicamente as duas palavras chaves do romance: Memórias Póstumas de Brás Cubas, escrito em 1880 por Machado de Assis. Este livro de nome consideravelmente grande que se explica por si só é a história de Vida da personagem Brás Cubas contado pelo próprio, após a sua morte. É ai que vemos como ele difere de Machado nos dias de hoje. Machado é um autor defunto e Brás, que não foi autor em vida, resolveu tornar-se após a morte, escrevendo assim a sua vida a partir da tinta da melancolia.
“Interessante, um homem que após chegando ao outro lado consegue escrever um livro” Sim “Saberemos como é a ‘vida’ após a morte!” Não. Brás começa sua história falando de seus últimos minutos e delírios (que encarei como os que eu tinha quando era menor e ficava com febre) de vida e seu funeral, para então contar seu nascimento e a partir daí seguir em ordem cronológica até chegar novamente à morte. Não há em momento algum qualquer descrição do “além” alem das palavras: eternidade e inexistência material.
Não quero manter o argumento de TODOS os livros que me foram pedidos para ler na escola, bons ou não, e dizer que ele faz uma crítica à sociedade da época. “Memórias” é uma representação da humanidade, a palavra época não se encaixa no contexto. A vida de Brás e as que circulam ao seu redor e as conclusões tiradas a cada pedaço do livro valem para hoje, para o futuro, e o que mais me impressiona: é que valeram para o passado.  
Não sou um fã dos livros que me eram colocados para ler na escola (e ainda são), e me irritava bastante que eram 90% brasileiros. Poderiam ao menos fazer uma média ou então pelo menos colocarem trabalhos bons em nossa frente, de pouco me vale um livro insuportável que retrate perfeitamente uma época há muito tempo acabada, só vai me ajudar a crer que tudo dessa idade é igual a isso que estão me obrigando a ler e criarei inconscientemente um ódio miserável por tudo que seja de época. Também basta de que 99% dos livros até a Oitava série sejam sobre: Drogas, Anorexia, Álcool, Bullying e afins. Não moldaram a opinião de ninguém, não por serem tópicos desnecessários (porque concordo que sejam importantes), mas por não terem qualidade. Apresentem aos alunos algo que os façam realmente pensar e, nesse caso devo dizer que as produções exteriores (filmes) são geralmente melhores. Adaptando uma frase de Niemeyer “Não existe nova e velha literatura, apenas boa e má literatura.”.
Posso haver-me desfocado um pouco objetivo, mas é que foram poucos (bem poucos) os livros escolares que cumpriram um objetivo de consciência maior, que foram realmente lidos por completo e não em resumos na internet, filmes ou adaptações em quadrinhos, e Memórias Póstumas, o clássico da literatura brasileira, nunca me foi pedido. Apenas tivemos de ver o filme, que não nos foi cobrado. Engraçado, não é?
                O que mais me impressiona neste livro é a ironia, mas não é aquela nos livros que se resume a momentos e frases, nele a ironia trata do livro inteiro. Em como a sociedade pode “prever” um futuro completo e fantástico para alguém, baseado e falsas premissas de status e reconhecimento, e como podemos provar que estão todos errados por não alcançarmos nenhum dos objetivos que nos foram impostos, tendo uma vida nem tão completa e nem tão fantástica por outros olhos e ainda assim tirar sarro do que chamam de miséria, sem grandes feitos. Como nos sentimos obrigados a exagerar cada momento, sendo que as coisas deveriam ser aproveitadas pelo que elas são. Simples, como sempre foram.
Brás fala muitas vezes diretamente com o leitor, o que deixa a abordagem bem pessoal. Somos acolhidos por seu carisma. Ele desmitifica o fato do livro ser “grande” uma vez que sua própria vida não foi. “...o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”.
Uma coisa é obvia, o livro é de 1880, logo carrega um o linguajar de 1880. Coisa que não dificulta a compreensão da história, mas pessoalmente eu queria entender cada palavra, já que em breves momentos perdia-me um pouco do contexto. Dava-me aquela vontade de haver prestando (alguma) atenção nas aulas de português quando era menor, facilitaria minha vida de muitas maneiras. E uma última observação sobre a obra é a seguinte: Senti de certa forma que o autor chega um pouco antes do final e corre, como se o livro tivesse um prazo. Poderia haver tratado os capítulos finais com um pouco mais de carinho como o resto do livro.
A versão cinematográfica do livro é muito boa por acaso. Claro que, como a maioria, não supera o livro, mas tem uma ótima escolha de elenco o um roteiro adaptado deveras satisfatório, vale a pena conferir.
Bem um livro de título tão grande merece uma postagem ao menos equivalente. Espero que tenham gostado, continuem sintonizados e deem suas opiniões sobre a obra, ou qual sua obra da literatura brasileira favorita. Vielen Dank.
                                                                   
Reginaldo Faria (Filme)
  -Nick

Louder

Na aula de inglês estávamos estudando sobre política Americana e como parte dos tópicos começamos a estudar a construção de discursos e suas técnicas. Como um exercício disso a professora pediu que após nossas análises nós escrevêssemos nosso próprio discurso e poderíamos imaginar qualquer situação para o próprio. Vi aquilo como uma oportunidade de ser criativo "Quantas vezes vou ter uma oportunidade de fazer um discurso e realmente apresenta-lo sem a menor necessidade me levarem a sério?" Bem o resultado é isso esse texto a seguir, não me propus a traduzi-lo portanto espero que você tenham se proposto a ter aprendido inglês.
                                                                                                                 -Nick

Good morning every one. My name is Nick, in case someone doesn’t know, even considering the fact that I’m in this class with all of you my whole life.
Ms. Rutherford asked me yesterday to prepare a presentation about something that we are learning. And believe me, I was really going to do it, until I realize that was the first time I was going to be here, in front of the board, speaking to all of you, as an equal. So I was not going to waste this opportunity by talking about a man that died four hundred years ago without doing something that really matters, something relevant for our lives as students and human being.
 -Please Ms. Rutherford, let me finish, I can go from here straight to the principal’s office if you want, but I’ll say what I must.
It’s surprising how I’m going to be the one that is saying this here but, there’s something very wrong in here people. C’mon can’t you see this? We had studied together for fifth teen years and half of you don’t even know each other. Until the Third grade everyone was nice and friendly, relations were simple, people said what they meant and the truth was a basic system. No one labeled others for its popularity or look alike, times were better. We could have been friends with whoever we wanted, without being afraid of someone giving us strange looks or inventing gossips about everything. We have become slaves of the status quo. The so called “groups” say that you can only wear a certain type of clothe, have a certain type of friends and date a certain type of person. Why can’t Marvin go out with Jennifer here? Just because he’s a bit shy and is not that good at beer pong does not mean that they don’t have something in common. And why can’t Josh be invited to a party? Just because he is not in the basket team and does not have a girlfriend? Have we all lost out sense of humanity?
No I haven’t. The ancient civilizations in history class teaches me that the real great people were those that stud up in the crowd and said “We have enough of this”, and I certainly had enough of this. I want to be able to go and talk to the girl that I like without having to deal with your weird looks and comments. I want to be able to go to her and say “I like you Michelle!” and don’t feel as embarrassed as I feel right now.
 -By the way, sorry that you have to find it like that.
But think for a moment, wouldn’t it be nice that things were simpler? That people were once again more sincere? That I could go to her and say that I like her since we met in kinder garden and she shared her last brownie with me? That I saw her become one of the most beautiful girls I ever seen? That she’s my Mary Jane, my Louise Lane, even that I am no Superman.
I know it's hard for you to realize it yet, but try to imagine the wonderful things that would happen if everyone stopped to care about the stereotypes and started to see what’s inside. That people looked at your eyes when they're speaking with you. And who said that fixing one classroom at a time you can’t make a little difference at America. Who said we can’t raise more kindness and give those seeds to the next students and so on?
 -Having said all that, I’m sorry but, Michelle, would you go out with me?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Acervo Nacional - 2 Coelhos


Estava sentado no sofá em plena noite de sábado, então meu pai chega com um DVD alugado chamado “Dois Coelhos”, me fala que e um novo filme nacional, então eu penso “Opa, nacional. Legal bora ver mais um filme sobre pobreza, criminalidade, pobreza, corrupção, pobreza, Bahia, pobreza, futebol”, Dois Coelhos pode ser qualquer coisa para você, menos POBRE (culturalmente).

Se o ensaio sobre a cegueira de Meirelles e de uma historia simples, mas de uma mensagem muito complexa, Dois Coelhos é o contrário, uma história extremamente complexa, mas uma mensagem simples: Matar Dois coelhos com uma “caixa d’a agua só”.

Quando estou sendo apresentando a uma obra de arte o que mais valorizo é a originalidade/criatividade, talvez venha dai meu apreço aos filmes do Tarantino e Aronofski, já que qualquer acéfalo consegue identificar suas obras quando lhe é apresentado. O mesmo acontece com Dois Coelhos que pega a maioria dos filmes nacionais joga no lixo e fala em bom e alto som “FODA-SE seus filhos da puta”.

As atuações de Thaide (ex-vocalista de black music das antigas, hoje sem o black power apresentado A LIGA da emissora Band) e Robson Nunes (Vulgo gordinho das propagandas da SKY) são simplesmente impagáveis, parafraseando um personagem do filme  “ce viu as fita que esse dois fizeram de motinha”.

Falando em personagens, nenhum, absolutamente nenhum, personagem fica desconexo na história, talvez isso soe blasfêmia, mas a imprevisibilidade da importância que os personagens adquirem durante a trama e quase digna de R.R Martin (Digo quase, pois jamais teria a coragem de insultar o deus da escrita e dos suspensórios).
Caso for assistir a obra (Se não entendeu eu realmente estou te recomendando muito rapa). Preste muita atenção em cada detalhe, tenha paciência, pois a trama só começa a se descomplicar depois da metade do filme e fique calmo porque quando as cortinas se fecharem o espetáculo acabar e você já tiver levado um tiro, digo uma pancada no peito que fará sua cabeça virar do avesso, você estará muito feliz.
              -Kauwba
PS: O filme tem defeitos (como qualquer obra), mas me perdoe, isso não e uma critica e mesmo que fosse, no momento eu estou anestesiado pelo orgulho de ter um filme assim no nosso pais e também pela música EXIT MUSIC do Radiohead que é tocada no clímax da obra.

Acervo Nacional - Tribalistas


Não tinha como não abrir a série com o que deve ser meu Cd favorito de MPB.
Tribalistas foi um trio composto pelos músicos Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte. Tendo um só Cd lançado com o mesmo nome.
Conheci essa experiência quando eu estava na primeira série. Tínhamos que cantar uma das músicas do Cd em alguma apresentação da escola, não me recordo direito, mas lembro que gostava muito de ouvir ela quantas vezes fosse necessário até que a turma inteira aprendesse. Talvez por causa disso Tribalistas para mim tenha som de nostalgia. Mas é algo mais forte do que uma simples memória daquela velha infância. É um caminho para uma vida de criança que não sei bem se eu vivenciei, ou só tive na minha imaginação, mas seja qual for, é muito boa.
O Cd em si é bem calmo, tirando pelas duas primeiras e duas últimas músicas, mas no geral é MPB meio lounge com vocal, violão e percussão que conta com a participação de um acordeão em um par de músicas.
Mas as letras......ah as letras. É pura poesia que fecha cada compasso com a suavidade de uma folha, as metáforas, relevâncias e verdades que são jogadas pra fora com o som trazem uma sensação de paz. Perdão se acabo por ser um tanto piegas “demais” nesse post, mas estou escutando o Cd enquanto escrevo, portanto fica difícil não se deixar levar.

Os três músicos não estão na lista dos meus top 5 mas o Cd sim. O que não desconsidera o trabalho de cada um individualmente, quem conhece pode ver que há um pouco de cada um assim que as músicas vão se desenrolando.  
Tribalistas surgiu sem grandes expectativas, mais como uma mera brincadeira. Arnaldo Antunes (Ex membro da banda Titãs), pediu que Marisa Monte (considerada por alguns a maior cantora brasileira) que gravasse uma participação no Cd que estava sendo produzido por Carlinhos Brown (músico que tem como inspiração uma levada mais Funk e Soul dos 70). Juntos eles criaram algumas músicas e um tempo depois decidiram gravar, criando o Cd que vendeu mais de dois milhões de cópias.  Os três já foram vítimas de garrafadas e xingamentos em festivais como o Rock in Rio por acabarem sendo escalados para um dia não compatível com seu estilo. Concordo que é um tanto desconfortante escutar MPB quando você comprou um ingresso para ouvir AC/DC, mas acho que desrespeito com pessoas dessa maneira não chega nem a ser discutível, “mas não podemos nos vingar, é só lembrar como é bom e ao amor se render.”
Portanto se não conhecem, tomem um pouco do seu dia para ouvir. Venha comemorar, escandalizar, carnavalizar e namorar. Se conhece, gosta, desgosta deixe seu comentário e também indiquei outras produções. Obrigado.
 - Nick

Uma Fé meio Brasileira.


“A grama do vizinho é sempre mais verde.” Essa é uma frase que todos ouvimos alguma vez, e creio que quando as crianças a ouvem, não entendem seu verdadeiro sentido, mas não importa, porque fica nas suas mentes, gravado, esperando para eles viraram adolescentes e logo adultos moldados por esses e outros conceitos impostos que se pararmos para pensar não conseguimos dizer de onde vieram, mas sempre estiveram lá, portanto são verdade e fim de discussão. Se você concorda que é certo porque estava lá, te darei duas opções. A primeira é para o caso de você não se propor em ouvir a segunda, logo você deve fechar está aba e se trancar na sua casa pelo resto da sua vida, impedindo assim que outras pessoas sejam contaminadas por sua mente fechada. A segunda é ver o que temos a dizer, e então seguir o seu rumo como lhe parecer melhor.
A grama do vizinho é sempre mais verde. Claro quando você está no Brasil, qualquer grama no mundo que não seja argentina parece melhor (senso de humor, por favor). Mas voltemos para a parte do Brasil, ouvimos isso e pensamos em muita coisa, futebol, carnaval, mulheres, florestas, mas agora falando como alguém que realmente mora aqui, talvez o jeitinho brasileiro seja o que mais acompanha. Tudo feito no Brasil é feito pela metade, ou nem é feito, quando está pronto é porque foi feito errado e assim vai, certo? Errado. Claro o país tem incontáveis e incontáveis problemas e parece que estamos cada vez mais sucumbindo em um buraco cada vez mais fundo onde não há nada a não sermos nós mesmos que possa ser aproveitado. Isso é fundamentado porque a única coisa que vemos do vizinho é seu jardim. Claro o encanamento aqui de casa precisa ser trocado, mas se formos jantar na casa de nossos vizinhos poderemos ver que o casamento deles está acabando, ou que o outro casal que mora em nossa frente só consegue comer peixe cru porque o fogão está sem gás. Se ainda não me deixei claro, vou simplificar desta maneira. Existe muita produção brasileira boa, culturalmente falando. Coisas que são tão gigantemente incríveis que seria um erro total taxa-las de ruim apenas por que elas vêm de um país com tantos defeitos. Defeitos têm em todos os lugares, é triste, mas temos de conviver com eles, a melhor maneira é nos enchermos de coisas boas e prestativas, no meio de tudo isso ficaria até mais fácil não ver tanta merda como BBB por ai.
Tendo dito isso agora posso anunciar uma nova série no 4x1 que chamaremos de “Acervo Nacional” – Serão postagens que pode ser falando sobre um filme, um Cd, um livro, um ator, um artista ou um ninguém, e por ai vai, mas todos brasileiros, coisas ou pessoas de quem possamos ter orgulho por estar no mesmo lugar. Não irão ser matérias tipo Wikipédia, algo mais como: Qual foi nossa experiência com essa coisa? Que sensação nos causou? Tudo com o bom e velho toque que vocês acompanham há um tempo (se é sua primeira vez, vai dar uma lida nos textos e volta depois aqui) para que possamos passar para frente esse material bom que não tem por que ficar escondido. Gostaria também de pedir que vocês contribuam com essa série, Comentem também o que acham caso já conheçam o que foi falado ou que indiquem outras produções para que possamos também nos abrir para mais material novo, bom e nacional. Esperamos assim diminuir, mesmo que um pouco, o preconceito que nós mesmos tínhamos até um tempo atrás. Portanto leia, comente, divulgue, porque a série também é para ser feita por vocês. Obrigado.
                                                        -Nick
PS: Só deixando claro que não estamos apoiando um nacionalismo sem fronteiras, nada mais chato que alguém que só sabe falar bem do Brasil e não se propõe a conhecer a cultura dos outros países. Tenha dó, vamos balancear isso ai. Extremismo é insuportável.                
                                    

segunda-feira, 1 de abril de 2013

John Carter!

Olá leitores! Para variar um pouco dos textos dos meus companheiros aqui do blog, estou postando esta foto de um desenho que fiz no meu caderno de rascunhos, baseado em uma cena do segundo livro da série Barsoom -- The Gods Of Mars, escrito por Edgar Rice Burroughs. Os livros contam as aventuras de John Carter, um ex-confederado que é misteriosamente transportado para Marte. Foi publicado o primeiro livro, A Princess Of Mars, em 1912(!).
Eu vi o filme que a Disney fez, nada excepcional, mas divertido. Depois li os primeiros três livros da série (que tem 11) e achei muito bom, recomendo ler em inglês, mas se não me engano faz pouco tempo que publicaram aqui no Brasil os três primeiros livros em português. Percebi que no filme resolveram misturar elementos do segundo livro, o que teria sido melhor se tivessem sido mais fiéis à história original. Bom, sempre há a chance de um remake.
Ah! E o meu desenho ali, é uma cena onde John Carter e seu amigo Tars Tarkas lutam contra os abomináveis Plant Men! Então por hoje é só!
                                                                    - J.Kley

sexta-feira, 29 de março de 2013

Tinta no Papel


Deixe-me deixar isso bem claro: A internet não irá acabar. O mundo digital não irá desaparecer. Impressões não irão destruir as redes. É fácil esquecer que quando os livros foram inventados, sites e blogs simplesmente os ignoraram, riram e falaram que eram apenas para os “nerds”. E agora aqui nós estamos e os mesmos sites e blogs estão anunciando o fim da internet, enquanto a curiosidade e excitação que cercam as impressões em papel viajam através do mundo. Novas empresas têm até se apressado em criar modelos de jornais muito antes que um público tivesse aparecido para pagar por eles. Estamos agora em um mundo impresso.
Tem feito tantas mudanças nas nossas vidas que fica até difícil de lembrar o tempo antes das impressões, quando tudo era digital.  Ainda assim, esse é o único caminho para entender por que e como as impressões se tornaram tão importante tão rápido. 
Claro, quando as primeiras empresas começaram com os livros impressos, tudo não passava de uma mera imitação das experiências das telas e quase perfeitas reproduções da linguagem digital, sem nenhuma função ou essência. Pessoas que cresceram com os recursos digitais riram dessas novas interações, ignorando completamente a ideia de que as impressões poderiam ter um valor amais do que um simples eco da experiência de leitura digital. Eles nunca iriam ler um livro impresso. Simplesmente não era a mesma experiência com a qual eles haviam crescido.
Contudo, impressões começaram a chamar a atenção dos idosos e dos mais novos, pela sua simplicidade e pelas poucas demandas de interatividade que eram oferecidas, passou a ser fácil de compreender pela liberdade ilimitada que era garantida pelas propriedades físicas. O fenômeno de cadernos feitos a mão cresceu à medida que os adolescentes perceberam que com as impressões, as imagens poderiam ser recortadas, trocas, misturadas e ser pressas por cola formando colagens, sem se preocupar em estar quebrando direitos de autoria como nos aparelhos digitais, enquanto outros logo aprenderam que eles poderiam, nos cadernos, escrever qualquer coisa que desejassem, na privacidade de suas casas e sem um corretor ou uma plataforma que os limitasse, monitorasse ou até mesmo compartilha-se suas palavras.
As pessoas agora entendem que quando compram livros, elas realmente possuem o direito daquela edição pessoal na história. Não existem limitações com o que elas possam fazer com ele ou a ele. Não existem licenças, termos de condições de como se deve usar o livro após adquiri-lo. Ter um livro não requer nenhum tipo de contrato legal. Podemos destruir, emprestar, transcrever ou enviar nossos livros de um país a outro, de uma maneira que a internet não nos permite. Se desejarmos trocar nossos aparelhos digitais iremos precisar relicenciar “nossos” ebooks, filmes, músicas todas de novo, mas com livros não, eles se mantém acessíveis não importa como ou quando nós quisermos lê-los novamente. É uma plataforma totalmente aberta. Não é uma surpresa que as empresas digitais se sentiram ameaçadas com a inevitável chegada da era da impressão – Eles temiam como o conceito de Criador e Consumidor poderia ser recriado. Eles estavam certos em ter medo.
Ainda mesmo que existam pessoas que digam que as impressões poderiam nunca haver sido inventadas, que na era digital era tudo mais simples, tudo estava conectado e ao alcance de um clique. Fontes que te levavam a outras fontes, distrações em cima uma pilha de outras distrações. A toca do coelho nunca chegava, e nunca quisemos que chegasse.
Tudo que líamos era compartilhado em escala global, mas toda a informação tinha pouca ou nenhuma presença. Vivíamos em um rio onde apenas algumas gotas molhavam nosso rosto enquanto o resto fluía sem ser visto ou interrompido.
Hoje podemos dar um livro como presente para alguém que realmente gostemos. Podemos emprestar nossa cópia pessoal do texto. Podemos fisicamente colocar as histórias em suas mãos e suas casas de uma maneira muito mais pessoal e memorável. Ocupando espaço, tendo peso e texturas e utilizando até cheiros como parte de suas próprias histórias, livros tem impacto.
O melhor dos livros impressos é que nos ensina a como é alcançar e entrar em uma história, segurá-lo em nossas mãos, interagir com ele de maneira física e sentimental.
É uma época importante e maravilhosa para ser um autor, um contador de histórias, um designer e um leitor.
Vida longa as impressões. 

*Essa é uma pequena colagem de um manual  de design e conceito para novas publicações que eu adquiri a uns dias atrás, "Fully Booked". Me prendeu de muitas maneiras, era de certa forma o que eu estava precisando ler.   - Nick.

sábado, 16 de março de 2013

Ele explica


Em uma grande praça rodeada de árvores e com um grande chafariz no centro. As folhas das árvores estão Alaranjadas pela estação e muitas se espalham entre os mosaicos desenhados no chão.
 No que seria a parte sul desse grande chafariz circular vemos um garoto sentado, seu nome é Jake Laytress, ele tem cabelos negros, lisos e curtos. Ele tem traços de rosto comum e tirando por detalhes vermelhos na sua jaqueta, Jake está usando apenas roupas pretas. Ele se distrai com as pequenas ondas formadas no chafariz e olha pela vigésima terceira vez para o horário em seu celular. De longe vemos uma linda garota se aproximar. Seu nome é Lisa Brenet, ela tem cabelos ruivos que não poderiam combinar mais perfeitamente com a estação, uma pequena marca de nascença no calcanhar direito que forma um circulo quase perfeito. Seu decote da camiseta da Victoria Secret é tampado por um cachecol de cor café que combina com a bolsa e os sapatos Oxford. Vemos que ela se aproxima de Jake e este quando vê a sombra dela faz uma cara de espanto e a questiona.
- Onde você estava? Estou esperando há quase uma hora aqui e você não entende o celular. Te liguei nove vezes!
- Não foi culpa minha. Minha mãe se trancou no banheiro com o secador e depois tive que esperar a Débora vir pegar a bolsa que ela esqueceu no fim de semana. Quanto ao celular eu não tenho desculpa, realmente esqueci sorry. Mas enquanto você fica ai falando nós já poderíamos estar a caminho, que tal?
- Ahh... ok, espero que eles não fechem mais cedo hoje.
Os dois passam a caminhar juntos em direção a zona norte da praça.
- E você não vai acreditar. Ontem o Dudu e eu fomos comer sushi e estava delicioso, então ele começou a me mostrar as fotos que ele tirou naquele fim de semana com a família naquele hotel fazenda há umas duas horas daqui, tinha cada foto maravilhosa, e ele ainda me diz que não é tão bom fotografo assim. Acabamos encontrando uma vendinha de filhotes tão fofos que eu queria levar todos. Tinha um que parecia um labradorzinho bem pequenininho e pretinho que ficava me olhando com aqueles olhinhos tão meigos. E já te contei sobre o livro que ele me emprestou que falasobreumescritorqueamulherdeleestácomumadoençararaentãoelepassaaretrataravidadeumaformamuitolidatodososdiaspraqueelavejacomoque...
- Que interessante Lisa!
O sarcasmo faz uma descida rente após largar o paraquedas e acerta em cheio o rosto de Lisa. Ela olha para Jake, que exala cansaço. Ele leva dois segundos para voltar ao estado anterior e diz:
- Era brincadeira, por favor, continue.
Nesse momento aproxima-se um homem mais velho com uma barba e cabelo grisalho, usando uma calça bege escuro, sapatos marrons por lustrar-se e um jaleco xadrez meio empoeirado que acompanha aquelas proteções de couro nos cotovelos.
- Desculpe-me, mas eu poderia interromper o monólogo que vocês chamam de conversação por um instante?
- Quem é você? – indaga Lisa
- Meu Deus, você é Freud! – dizia Jake como se estivesse vendo um fantasma.
- Certamente, obrigado pelo reconhecimento. Bem gostaria de argumentar sobre o comentário do Jake pouco antes de nos encontrarmos. Não existem brincadeiras meu caro. Como sempre digo e continuo a dizer. O tom elevado de sarcasmo quando a sua história, Lisa, é totalmente real. Foi o que veio a mente dele no momento e é o sentimento mais puro que ele poderia ter tido. Ele poderia haver dito para você desaparecer da sua frente e logo dizer que foi uma brincadeira, mas fique sabendo que o que conta é o desejo inicial. Ele não teve de pensar a respeito para responder aquilo. Mas por favor, Lisa não pense que estou aqui para julga-la e Jake não pense que estou aqui, como vocês jovens dizem, “queimando seu filme”.
- Bem agora gostaria de dizer que é mais do que obvio que Jake gostaria de ter uma relação direta com você minha cara Lisa, os feromônios são sentidos a quilômetros. Ele demonstra um grande interesse em você, mas está claro que não demonstra nenhum interesse quanto a você em relação com outras pessoas, como no caso de seu atual amante Eduardo. Você por outro lado compreende que ele gosta de você, mas como o sentimento não é recíproco você passa a dizer a si mesma que quaisquer desejos de Jake por você não são reais. Com o tempo você acaba acreditando na própria mentira e agora já não existe culpa alguma. O grande problema de uma verdade inventada são as mentiras reais minha cara. No caso de você ainda estar um tanto perdida no contexto do que estou falando, vale lembrar as etapas da passagem de Jake para a chamada zona da amizade. Ele foi uma das poucas pessoas que já gostava de você quando você ainda tinha seu cabelo no tom natural de loiro. Ele escuta você dia e noite falando sobre seus a fazeres diários em troca de um momento com você, mesmo que isso custe muitos momentos falando de outras pessoas e por último, mas não menos importante vamos lembrar que ele acabou de espera-la por cinquenta e dois minutos sem obter nenhuma resposta das nove ligações efetuadas. Cinquenta e dois minutos, doenças matam e menos tempo do que isso. Claro tudo isso é certamente compreensível você é uma linda garota e Jake aqui é um adolescente comum, seus hormônios estão falando mais alto nessa época. Bem, fiz-me claro?
- Eu... Eu não sei o que dizer... Jake isso é tudo verdade?
- Bem Lisa... Eu realmente gosto de você, mais do que para uma amiga.
- Eu preciso de um tempo para pensar, isso é um choque muito grande para o momento, Jake nos falamos depois.
Ao ver Lisa partindo Jake sente-se consolado, as palavras do homem ao seu lado foram aquelas que ele sempre precisou ouvir, ou dizê-las. Ele sorri e olha para o Freud
- Freud, você é meu herói.
- Não tem de que Jake, por favor, me chame de Sigmund.
- Sério?
- Brincadeira, Freud está ótimo
- Ei espera ai...
                                                                                                                      -Nick

Aperte o Botão


O carro acerta o poste a exatos 123 km/h. O motor é estraçalhado e o para-choque se divide em dois. Finalmente a sirene para de apitar.
Ele via tudo isso em 2,6 segundos olhando para o espelho retrovisor. Sua atenção agora se voltava para a movimentada rua a sua frente e aos outros três carros que ainda o perseguiam. Parecia uma cena de filme, quem dera fosse, já que Hollywood sempre encontra uma maneira absurda de salvar os personagens, porém ali não haviam câmeras ou coreografias ensaiadas, o perigo era real demais. Em 1,5 milésimo de segundos seus neurônios trocam cargas elétricas e ele pensa a respeito do que poderia haver dado errado. Cada passo já havia sido detalhadamente repassado, cada importuno já havia sido reparado. Agora chegava ao ponto onde ele não podia mais confiar em ninguém ao não ser seu volante e seus reflexos, velhos companheiros. Sua mente o perturba, o distrai. Olha novamente para o retrovisor e vê apenas dois carros.
“Para onde foi o terceiro?”.
Sabe todo aquele lance de rever parte do seu passado enquanto esta em uma situação de alto risco?
Bem isso às vezes acontece, portanto ele se lembra.
“Andava pela rua descompromissado. Talvez rumo a mais uma cicatriz em seu corpo, já que aquele não era um bairro muito seguro e ele não tinha nenhuma noção de perigo como a maioria das crianças naquela idade. Passa por uma loja de televisores e fica lá parado, estático, apenas assistindo. Esquece-se por alguns segundos da fome e miséria. O que ele assiste são imagens de um documentário sobre peixes que vivem nas profundidades extremas do pacífico onde a pressão pode chegar a ser  500 vezes maior que a da superfície. Caso subissem  esses peixes iriam simplesmente explodir. Existem alguns peixes que habitam a faixa de 1 km de profundidade e são bioluminescentes. Essa região se chama fossas marianas, um dos lugares mais profundos do mundo. Por pura coincidência o nome de sua mãe era Mariana, mas aquele documentário naquela época não passava de cenas de peixes brilhantes. Mal soubera ele o quão importante aquelas imagens viriam a ser.”
 O terceiro carro então aparece, bate na lateral do carro fazendo com que a inércia seja tão alta que o atrito dos pneus se torna desprezível. O carro é obrigado a entrar em um desvio.
“Se cansa da loja de televisores, esquece o que deveria estar fazendo na rua naquele instante e volta para a casa. Poucos metros antes de entrar em casa ele houve gritos de desespero, não consegue identificar quem é, mas também não se preocupa, aquilo era comum. Bate na porta duas vezes como de costume e sua mãe abre. Ela usa um vestido que já fora branco e agora era vermelho. Ela entrega um cartão e ele tenta entrar em casa, mas ela não permite. Ele consegue espiar uma cadeira com algo amarrado por cordas, algo com muito ketchup. Ela então o coloca dentro de um táxi que já estava parado na rua. Cuidadosamente coloca o cinto de segurança e fala: Se lembre para sempre desta frase meu anjo ‘antes eles do que nos’ a porta do carro fecha. Ele nunca mais viu seu pai ou sua mãe.”
Ele percebe que esta se deslocando vetorialmente contra uma barreira de três carros cada um medindo 3 metros de comprimento. 3x3=9. Bem essa não foi difícil.
“Saiu do orfanato. Nunca tinha estudado, não tinha vontade nem dinheiro, porém sempre foi uma criança entusiasta de ciência e natureza por menos que conseguisse entende-las. Teve de trabalhar. Acabou caindo em um supermercado como embalador, o salário mal dava para o aluguel do lugar que ele chamava de casa. Seu alimento consistia basicamente das sobras do supermercado. Então enquanto voltava para sua sala de 8 metros quadrados com banheiro incluso, lembrou-se da loja de televisores. Lembrou-se dos peixes. De sua mãe e do seu maldito pai que tentava estupra-la todos os dias. Sofre muito. Já fazia seis meses que ficava três dias da semana sem comer. Solução? Comprar uma arma e acabar com todo aquele sofrimento. Irônico uma pessoa ter como único objetivo de vida dar um fim na mesma. Começa a rir e cai no chão, o riso agora se transforma em choro. Após puxar a gaveta a arma não estava mais lá, a porta tinha sido arrombada e a janela escancarada. Sua vida estava acabada por não poder mais acabar. Ele sofre uma catarse na mais densa escuridão que os peixes das fossas marianas têm que gerar a própria luz. Ele pensa ‘E se eu gerasse meu próprio sentido pra isso que um dia eu poderei orgulhosamente chamar de vida? ’”.
Ele aperta um botão perfeitamente circular. Esse botão possuía o desenho de um cilindro e alguns traços que se assemelhavam a fumaça. O botão vai para trás e não volta como se ficasse preso.
“No dia seguinte o supermercado abre para o público. A validade de grande parte dos produtos havia sido alterada, o que fez com que as vendas do supermercado fossem insignificantes naquela semana, além de deixar a fama de ser um local que vende apenas comida estragada que por pura coincidência foi o que ele comeu por mais de seis meses. Essa homenagem dele ao supermercado foi apenas um treinamento, ele estava determinado a entrar em um campus de estudo de física dos mais avançados do estado. Nunca tendo estudado isso soaria impossível, mas nunca subestime um homem que nao tem mais nada a perder. Ele criou um plano metodicamente elaborado e revisado. Primeiro: iria persuadir uma das secretárias, nem que tivesse que fazer favores sexuais para isto. Não foi muito difícil, ele era um rapaz bem apessoado. Segundo: achar um alvo eliminá-lo do banco de dados e substituí-los pelos seus, isso sem que ninguém sequer notasse. Terceiro: achar a vítima eliminá-la sem deixar evidências e tomar seu lugar. O plano ocorreu exatamente como na teoria, ninguém notou a falta de Julius em uma sala de 200 alunos, ainda mais sendo o ultimo integrante de uma família que não se falava a mais de uma década. Se tornou aluno de faculdade ganhando bolsa em alimentação e moradia. Terminou seu estudo e se tornou um profissional, mas depois de algum tempo aquilo também perdera o sentido. Agora não se interessava mais tanto pelo trabalho como físico, precisava de algo a mais. Se questionava se tinha adquirido um vício. Depois de tornar-se  um mecânico, um professor do primário, um piloto de planador e um jardineiro, o que se perguntava agora era se ser um sociopata consciente da sua insanidade o tornaria menos errado  no ponto de vista social? Outra pergunta que costumava fazer era se realmente foram necessários todos os assassinatos cometidos ou se ele não conseguiria mais um emprego sem ter que matar alguém para isso ”
O botão da um leve pulo piscando uma luz laranja. Ele arranca o botão e o encosta em um longo fio de pano que agora começa a ser queimado rapidamente. Ele larga o botão e então suas habilidades no volante são novamente testadas. Faz um giro de 180 graus com o carro fazendo que a aceleração diminua mais de 60 por cento, embora nesse momento ele não da à mínima para estes dados. Agora seu carro segue de ré.
“Seu trabalho mais recente foi em um laboratório de química, assunto o qual sempre fora apaixonado. A tática para trabalhar nesse laboratório não foi muito diferente do que a do seu emprego com estudante de física, a diferença foi que ele teve de escolher a vítima muito mais calmamente. Desta vez foi um estagiário que se quer tinha conseguido ir a seu primeiro dia de trabalho. Seu corpo foi escondido em um ferro velho para depois ser derretido em ácido no laboratório. Como estagiário seu trabalho era basicamente levar substâncias químicas de um laboratório para outro e ajudar criando soluções para novos cheiros de perfume e aromas artificiais para produtos alimentícios. Após substituir todas as funções do antigo falecido e passar alguns dias trabalhando, foi levar dois barris de acido úrico para um depósito na zona norte da cidade. Ele não esperava ter companhia, olhou atrás e viu três carros da policia buzinando e acelerando. Os indivíduos dispostos dentro desses automóveis estavam a gritar em megafones para que ele parasse o carro. Ele arranca a camiseta e a prende em um dos barris, sequencialmente aperta um botão.”
Nesse momento ele se perguntou como foi deixar de investigar o passado do maldito estagiário, fala pra si mesmo diversas vezes palavras soltas e desconexas, algumas com o intuito de se acalmar. Vira-se bruscamente para checar como está o pavio dos barris de ácido e então percebe que sua camiseta acaba de voar pela janela enquanto flamejava. Ele pensa “quem diria que eu enlouqueceria somente agora?”. Olha pra trás vê que não tem muito tempo antes do impacto. Fecha os olhos e pensa “Mas que merda morrer em um carro de merda desses”. Nem pensava em acelerar o carro e tentar fugir, preferia morrer a ser pego pela policia. Tentava pensar que finalmente reencontraria sua mãe, mas então se lembrou de que assassinos vão para o inferno. Começa a chorar pensando que vai ter que ver seu maldito pai mais uma vez. Da um soco no banco a sua direita, olha pra baixo e vê o isqueiro do carro “o botão”.
Quando trabalhou como mecânico acabou conhecendo muito sobre criação e manutenção de bancos e descobriu que boa parte dos carros mais econômicos tem bancos com espumas que quando colocados sob o teste NBR9442 apresentam-se predispostos na classe E (que possuem fatores de propagação de chama e evolução de calor >400).
Ele arranca a capa do banco e encosta o botão a espuma. Vê uma pequena faísca e pula do carro. A explosão estoura seu tímpano e ele rola pela estrada de asfalto que rapidamente queima seu macacão químico com o atrito e sequencialmente sua pele. Olha pro seu joelho e consegue enxergar parte de seu osso, ele não precisava ter sido médico para saber que aquilo não era bom. Escorre um fio de sangue misturado com sujeira preta do seu ouvido, ele se vira e o que vê e apenas um bolo de alumínio distorcido e completamente escuro. Ele olha pra cima e vê uma nuvem de fumaça tão preta quanto às fossas marianas. Ele se levanta dos dois passos e cai. Se levanta novamente, da cinco passos e desmaia. Acorda enquanto está sendo puxado por alguém. Sente ser colocado no banco de trás de um carro e ouve algo parecido com “aguenta firme que vou te levar para um hospital. Moço como fosse conseguiu se machucar dessa maneira?” ele balbucia “cai de moto...”.
Ele recompõe coloca o cinto de segurança.  Repete para si mesmo em voz baixa enquanto lacrimeja:
“Antes eles do que nós.”
                                                                                                                  -Kauwba & Nick