terça-feira, 16 de outubro de 2012

Nada de nada


-Data estelar quatro do cindo do... Não, para isso é muito ruim. Em uma quinta-feira chuvosa... Isso é pior ainda, não tem forma fácil de dizer isso então tentarei ser direto. Meu nome é John, John Smith (até meu nome é clichê), eu sou um escritor de muito sucesso, tipo muito mesmo e hoje é 93° dia da minha crise de criatividade. Resolvi fazer deste, ultimo texto da minha carreira, simplesmente procrastinar, rumo ao nada e sem nada a perder.
Acho que o grande motivo da minha crise de criatividade é a comodidade, depois de alcançar certo nível de fama e respeito, você está acima de Deus, eu poderia escrever qualquer coisa neste texto e mesmo assim eu seria idolatrado. Poderia escrever: “Então o cavalo marinho Jack mergulhou no orifício anal da foca Joe”. Diriam que é uma metáfora ou que você é muito burro pra entender, diriam que você tem que ter uma leitura mais profunda (pobre foca Joe), outros não comentariam nada com medo de serem taxados de algo.
Tenho saudade da época da escola, (nunca esperei pensar assim), época em que eu conseguia criar textos mesmo em aulas de matemática, (Matemática é o cumulo da falta de criatividade), então me lembro de como cheguei aqui, como eu sai da minha escola do interior para viver em uma mansão em Vegas...

-Eu não escrevia, por que comecei? Acho que foi em alguma daquelas febres de livros adolescentes onde quatrocentos e noventa e oito mil estudantes transformam-se em “Fanboys” de algum mundo totalmente fora da casinha, criado por algum barbudo que com a fama se torna metrossexual ou uma solteirona que é idealizada por seus conceitos feministas, mas na verdade chega em casa toda noite para chorar porque ela sente falta de um bom.......Ah todos entenderam aonde quero chegar.
Não sei se por uma fatalidade fodida do destino ou simplesmente sorte, mas eu, ao invés de apenas ler os livros e aprender alguma língua perdida de alguma sociedade secreta imaginária, passei a olhar o que estava além das palavras, analisar a escrita observando atentamente para as fórmulas gramáticas e repetir isso para liberar aquela infantil raiva adolescente nas páginas do meu caderno, na hora qualquer coisa era melhor que geometria plana, e aquela minha coisa qualquer chamou a atenção de colegas e professores, até meus pais gostaram, mas ainda acho que eles tinham um pouco de medo. Bem, os anos foram passando e mesmo sem uma faculdade eu fui escrevendo um livro aqui e uma série ali. Fui chamado de o Tolkien da minha geração. Eu olho pra trás e vejo que na verdade nada daquilo me deixou feliz. Enquanto meus livros agradavam o mundo eu me trancava em casa, insatisfeito. E nesse momento de falta de criatividade eu me despeço de vocês, nesses momentos de falta de criatividade eu penso em Dean Moriarty... (não consigo nem terminar sem um clichê).                                                            
                                                                                                                                        -Kauwba & Nick

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