quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dois Traços


Não me leve a mal, eu não sou do tipo que fica horas segurando cartazes ou proclamando citações através de um megafone para repassar algum ideal ou conduta. Não é que seja uma pessoa sem ideais, mas eu me satisfazia com o fato de eu simplesmente acreditar naquilo que...acredito. Talvez ainda não tenha sido colocado na situação de ter que lutar por algo. Pelo menos ainda não.
Acontece que hoje algo me desagradou profundamente. Lá estava eu, passando minha tarde pelo populoso centro da cidade, fazendo minha psicológica despedida dos meus pontos favoritos, um livro ali, um chá aqui, até descobri que uma peça que muito me agrada estaria passando por estes dias. Então me deparo, cerca de casa, com uma manifestação em um trevo das ruas. A princípio eu não conseguia ler os cartazes, apenas ouvir o ensurdecedor barulho das buzinas. Vendo uma bandeira das cores do arco-íris é de se pensar que é uma marcha a favor do casamento gay, mas à medida que proferia meus passos notei que era exatamente o oposto. Em meio ao calor do centro, a movimentação dos carros, a minha tranquilidade, eles deturpavam todas as sensações boas do momento. Era um escândalo, uma propaganda péssima para um produto horrível. Talvez tivesse que ser assim mesmo, era um chamado a altura. Em meio aos apitos, gritos e buzinas, eram erguidos cartazes com fotos de pessoas, que suponho que sejam os “messias” de tais condutas, e dizeres sem cabimento científico ou moral sobre como casais deveriam ser formados. Acaso existe ser humano, com moral o suficiente para dizer que outros dois seres humanos não possam compartilhar de uma amorosa relação? Ou quem sabe, de um longo e burocrático divórcio? Eu não creio. Minha opinião é no mínimo clara. Raiva me deu ter que atravessar a rua em meio aquele escândalo, mas não foi raiva que senti ao partir dali, foi um pesar meu, por haver perdido o sorriso que a bela tarde no centro me havia proporcionado, que se expandiu para um pesar da humanidade. De certa forma, eu notei que não importava de que lado do muro de Berlin eu estaria ou de que canto da galáxia eu me encontrasse, a humanidade seguiria sendo a mesma, aquelas pessoas seguiriam com aquelas mentes fechadas, sendo capazes apenas de visualizar no céu apenas pontos brancos sob um fundo preto, estariam sempre ali para estragar à tarde de alguém. Senti pesar de Jesus, o próprio, que fora pregado a dois mil anos atrás por apenas dizer que as pessoas deveriam ser legais umas com as outras para variar, e hoje seu nome é sujado por esses que seguem as palavras de um homem* que enriquece por passar para as pessoas ensinamentos ruins e odiosos, salvando-as de um mal que ele mesmo cria. Eu posso estar errado, pode ser que a “passeata” não fosse com esse motivo, a situação não me proporcionou ficar lá mais do que o necessário. Mas o que eu disse aqui vale reflexão de um momento, não breve, mas sim um longo momento sobre como estamos agindo, cometendo sempre os mesmo erros.
Não gosto de partilhar experiências ruins, mas às vezes parece necessário, até para que através da escrita eu entenda melhor as situações. Sei que irei escutar muito sobre está postagem, mas pouco me importa, pois eles me devem uma tarde.
*Não me refiro ao Papa                                                                    
                                                                   -Nick

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