sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Notas um segundo melhor?



Debruçado sobre a mesa, eu comecei a fitar a janela do meu quarto, de persiana fechada, até que meu olhar captou as pequenas gotas de chuva que se acolheram no vidro ao entardecer. Elas refletiam a luz da lâmpada. Tinha uma constelação inteira na minha janela Não existia muito de mim nesse quarto, passo mais tempo brincando com as ideias que surgem na minha mente do que me distraindo com algum artigo perdido no meu armário.
Em uma dessas viagens, eu acabei olhando para o canto e vi a TV desligada. Ela não era nem tão grande e nem tão pequena. Era aquele cubo cinza com uma tela preta a qual não estávamos mais acostumados a ver. Sem pensar, eu pressionei o botão verde e a caixa cinza começou a emitir um som, uma frequência de vibrações, aquela que nos preparava para as cenas que estavam por vir. Então, estática: os milhares de pixels gritavam e corriam pelos
quatro cantos da tela, sem saber aonde iriam chegar. Eu sentia falta disso. Desliguei a TV e me deitei no sofá. Pensar deveria ser considerado um sentido, afinal é a nossa mente que nos faz perceber os outros cinco. Podia ouvir o rádio sendo ligado no outro cômodo. Havia tido uma boa refeição no almoço. Azul, rosa, verde. Esses rostos emoldurados na prateleira me incomodavam, não paravam de me encarar. Minhas roupas estavam muito amassadas. Essas eram as minhas opiniões, mesmo sendo tudo tão relativo. Pessoas estão sempre dando suas opiniões sobre coisas de caráter tão aberto a distintas interpretações. Sinto-me na necessidade de pedir para que façam a fila até serem chamadas.
Parecia ser outro dia.
Acabei dormindo por algumas horas e acordei sentindo, com a ponta dos meus dedos, a cruz que estava em meu pescoço. Gosto muito dela, apesar dos significados que atribuem a sua existência e das alegrias e dificuldades que eu tenho que passar por causa deles. Pergunto-me: “O que os ateus diriam sobre alguém de pouca fé, usar uma cruz com gosto e segurança?”
Talvez eles fossem dizer que a minha falta de conhecimento reflete a inconsistência da religião, a qual acreditariam que eu seja adepto. E ainda: “O que os cristãos diriam sobre eu usar uma cruz e ainda festejar e questionar tanto, usando de interpretações que não são as predeterminadas por eles?”. Minha falta de fé e minha negação de ver as coisas como elas realmente são apenas mostram o quão fora do caminho eu estou. O que diria Jesus se eu perguntasse “Posso usar tua cruz nesse mundo como ele é?”.
                                                                                                                                                          -Nick

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