domingo, 25 de novembro de 2012

Em nome do pai


“Sally! Sally!”
“Adam! Graças a Deus você está bem, eu fiquei horas...”
“Ok Sally, ok. Vá se tranquilizando. Eu estou aqui agora.”
Sei que já se tornou parte da minha rotina, mas ver Sally saindo pela porta com aquele sorriso desenhado no rosto, enche meu corpo de orgulho. Orgulho por ter encontrado uma garota assim. Meu orgulho só aumenta quando desço do cavalo e ela vem correndo me beijar.
“Oh Adam, eu não sabia mais o que fazer. Fiquei rezando para que você chegasse são em casa.”
“Eu sei querida, mas ficarei poucos dias e então irei partir. As coisas não vão ficar assim.”
“Não meu amor, por favor, deixe isso pra lá. Nós vamos encontrar uma saída, sempre podemos voltar.”
Não, nós não podíamos, eu havia vendido cada pedaço de terra que havíamos possuído.
Eu e Sally nos conhecemos e casamos em Gordburd, ao sul de Jersey, e lá vivíamos em uma pequena cabana perto do centro. Não tínhamos muito alem de um ao outro, mas éramos felizes. No ultimo inverno nossos problemas com dinheiro foram aumentando gradativamente e eu não conseguia nenhum trabalho fixo. Tudo estava muito difícil até que os Buckness, uma família empreendedora de Ohio, comprou um grande lote de terras no Oeste e havia se mudado para lá. Eles estavam contratando um grupo de pessoas para ocupar e cuidar de diversas partes do grande lote. Eu aceitei a proposta, na promessa de que iríamos viver ali enquanto o céu fosse azul, o pasto fosse verde e o vento soprasse de todos os lados, mas parece que existem dias em que o céu não é mais azul, o pasto seca e o vento não sopra de nenhuma direção. Os Buckness voltaram atrás nas promessas e tão rápido quanto chegamos já nos queriam ver partindo. Mas eu não vou deixar que eles me façam de tolo. Eu vivi minha vida inteira de acordo com as regras, digamos que era isso que eu estava fazendo errado.
Aceitei uma verdade que todos sabiam, mas ninguém admitia: a justiça no Oeste Selvagem só era feita com o apertar de gatilhos de Colts e Winchesters.
Juntei uma milícia de homens descontentes com os Buckness para o bem de nossas famílias. Uma noite, saímos armados em direção a um pequeno vale onde ficava a residência dos Buckness. Eu dei uma desculpa qualquer para que Sally não soubesse de nada e assim não se preocupasse.
Chegando às beiradas do vale, jogamos coquetéis Molotov na casa, fazendo com que a madeira nas paredes estalasse e ardesse em chamas. Algumas pessoas saíram gritando e pegando fogo, outras com revólveres, que foram rapidamente fuziladas por nós. Enfim acabamos com todos eles. Enfim poderíamos viver nossas vidas em paz. Ver os Buckness em terror e ardendo em fogo foi algo lamentável, mesmo sendo eles que estavam destruindo nossas vidas. Que Deus me perdoe, tudo que eu fiz foi por Sally. Foi para ver seu rosto até meu ultimo suspiro. Foi para algum dia, eu ouvir a doce risada de nosso filho. Foi pela nossa vida.               Nick & J.Kley

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