Eu começo, termino, repito e mantenho. Talvez seja natural,
talvez meu subconsciente pregando uma peça e sorrindo para mim. A única certeza
que eu tenho é a de que aqueles dois anos carregam os dias mais preciosos que
vivi. Aqueles em que você se sente completo e nada de ruim pode acontecer.
Aquela felicidade que irá mexer com você sempre que relembrar cada segundo. Aqueles
que fizeram minha integridade, meu centímetro mais importante.
Eu tinha uma vida boa, bons pais. Amigos dos quais eu
gostava e gostavam e mim. Só vinha uma respostam em minha mente e era: Eu
estava bem. Ainda assim, o que era bem naquela época? Faltava algo. Faltava um
sopro de vida, um frescor do amanhecer. Algo que eu só encontraria além da
estrada. Por isso eu parti. Troquei a segurança de casa pelas surpresas do
desconhecido.
Eu não quis abandonar ninguém. Eu não me sentia muito mal e
nem brava com alguém. Eu queria que as pessoas com quem eu passava meus dias,
entendessem isso. Que compreendessem o verdadeiro motivo da minha fuga. Uma
porta havia sido aberta e resolvi aproveitar. Não foi fácil, eu senti falta de
alguns, mas quando o momento chegou, eu não hesitei em partir, era a coisa
certa a fazer. Gostaria que ao menos uma pessoa entendesse isso.
Por dois anos eu conheci um novo mundo. Não precisei de
mapas nem guias porque, eu finalmente havia me encontrado. Sentia a mim mesma no
espaço. Conheci novas pessoas e por dois anos seus sorrisos foram meus por-dos-sóis.
Não existia uma guerra em meu subconsciente. Minhas ações fluíam. Presenciei a
liberdade de ir aonde eu sentia que era melhor. Eu fui capaz de sonhar e tornar
tudo em realidade. Arriscando até meu último centímetro.
Quando voltei, tudo havia mudado. Eu, os locais, as pessoas.
Não fui mais a protagonista, agora eu era uma telespectadora, mas isso não me
incomodava. Novamente eu estava em outro mundo, conhecendo outras pessoas (já
que as antigas não mais me eram próximas), vivendo e dentro de um balanço como
o do oceano.
Alguns dias atrás um velho amigo veio me visitar. Ele
apareceu com perguntas normais: Por que eu havia partido? Por que sua garota
favorita o havia abandonado? Eu sorri, como sempre fiz com ele, e respondi com
o que eu havia vivenciado. Ainda questionado se eu não havia me arrependido de
nada, ele perguntou se eu faria tudo de novo caso fosse possível voltar àquela
exata noite em que parti. Talvez eu pudesse ter ficado lá. Talvez eu pudesse
ter ficado aqui e aprendido a viver por estes campos. Talvez. Eu sei que a
maioria das pessoas que conheci irá mudar e sei que isso serão apenas memórias,
mas eu não me importo. Eu amo o “eles” daqueles momentos porque, por dois anos
eu fui feliz e não devi desculpas a ninguém.
Aproximei-me calmamente de seu ouvido e sussurrei “Claro que sim”.
-Nick
Oh, você é a minha garota favorita, Nico. Muito bom mesmo, parabéns (:
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