-Data estelar quatro do cindo do... Não, para isso é muito
ruim. Em uma quinta-feira chuvosa... Isso é pior ainda, não tem forma fácil de
dizer isso então tentarei ser direto. Meu nome é John, John Smith (até meu nome é clichê),
eu sou um escritor de muito sucesso, tipo muito mesmo e hoje é 93° dia da minha
crise de criatividade. Resolvi fazer deste, ultimo texto da minha carreira,
simplesmente procrastinar, rumo ao nada e sem nada a perder.
Acho que o grande motivo da minha crise de criatividade é a comodidade,
depois de alcançar certo nível de fama e respeito, você está acima de Deus, eu
poderia escrever qualquer coisa neste texto e mesmo assim eu seria idolatrado.
Poderia escrever: “Então o cavalo marinho Jack mergulhou no orifício anal da
foca Joe”. Diriam que é uma metáfora ou que você é muito burro pra entender,
diriam que você tem que ter uma leitura mais profunda (pobre foca Joe), outros
não comentariam nada com medo de serem taxados de algo.
Tenho saudade da época da escola, (nunca esperei pensar
assim), época em que eu conseguia criar textos mesmo em aulas de matemática,
(Matemática é o cumulo da falta de criatividade), então me lembro de como
cheguei aqui, como eu sai da minha escola do interior para viver em uma mansão
em Vegas...
-Eu não escrevia, por que comecei? Acho que foi em alguma
daquelas febres de livros adolescentes onde quatrocentos e noventa e oito mil
estudantes transformam-se em “Fanboys” de algum mundo totalmente fora da
casinha, criado por algum barbudo que com a fama se torna metrossexual ou uma
solteirona que é idealizada por seus conceitos feministas, mas na verdade chega
em casa toda noite para chorar porque ela sente falta de um bom.......Ah todos
entenderam aonde quero chegar.
Não sei se por uma fatalidade fodida do destino ou
simplesmente sorte, mas eu, ao invés de apenas ler os livros e aprender alguma língua
perdida de alguma sociedade secreta imaginária, passei a olhar o que estava
além das palavras, analisar a escrita observando atentamente para as fórmulas
gramáticas e repetir isso para liberar aquela infantil raiva adolescente nas
páginas do meu caderno, na hora qualquer coisa era melhor que geometria plana,
e aquela minha coisa qualquer chamou a atenção de colegas e professores, até
meus pais gostaram, mas ainda acho que eles tinham um pouco de medo. Bem, os anos
foram passando e mesmo sem uma faculdade eu fui escrevendo um livro aqui e uma
série ali. Fui chamado de o Tolkien da minha geração. Eu olho pra trás e vejo
que na verdade nada daquilo me deixou feliz. Enquanto meus livros agradavam o
mundo eu me trancava em casa, insatisfeito. E nesse momento de falta de criatividade
eu me despeço de vocês, nesses momentos de falta de criatividade eu penso em
Dean Moriarty... (não consigo nem terminar sem um clichê).
-Kauwba & Nick
Nenhum comentário:
Postar um comentário