Não me leve a mal, eu não sou do tipo que fica horas
segurando cartazes ou proclamando citações através de um megafone para repassar
algum ideal ou conduta. Não é que seja uma pessoa sem ideais, mas eu me
satisfazia com o fato de eu simplesmente acreditar naquilo que...acredito.
Talvez ainda não tenha sido colocado na situação de ter que lutar por algo.
Pelo menos ainda não.
Acontece que hoje algo me
desagradou profundamente. Lá estava eu, passando minha tarde pelo populoso
centro da cidade, fazendo minha psicológica despedida dos meus pontos favoritos,
um livro ali, um chá aqui, até descobri que uma peça que muito me agrada estaria
passando por estes dias. Então me deparo, cerca de casa, com uma manifestação em
um trevo das ruas. A princípio eu não conseguia ler os cartazes, apenas ouvir o
ensurdecedor barulho das buzinas. Vendo uma bandeira das cores do arco-íris é
de se pensar que é uma marcha a favor do casamento gay, mas à medida que
proferia meus passos notei que era exatamente o oposto. Em meio ao calor do
centro, a movimentação dos carros, a minha tranquilidade, eles deturpavam todas
as sensações boas do momento. Era um escândalo, uma propaganda péssima para um
produto horrível. Talvez tivesse que ser assim mesmo, era um chamado a altura.
Em meio aos apitos, gritos e buzinas, eram erguidos cartazes com fotos de
pessoas, que suponho que sejam os “messias” de tais condutas, e dizeres sem
cabimento científico ou moral sobre como casais deveriam ser formados. Acaso
existe ser humano, com moral o suficiente para dizer que outros dois seres humanos
não possam compartilhar de uma amorosa relação? Ou quem sabe, de um longo e
burocrático divórcio? Eu não creio. Minha opinião é no mínimo clara. Raiva me deu
ter que atravessar a rua em meio aquele escândalo, mas não foi raiva que senti
ao partir dali, foi um pesar meu, por haver perdido o sorriso que a bela tarde
no centro me havia proporcionado, que se expandiu para um pesar da humanidade.
De certa forma, eu notei que não importava de que lado do muro de Berlin eu
estaria ou de que canto da galáxia eu me encontrasse, a humanidade seguiria
sendo a mesma, aquelas pessoas seguiriam com aquelas mentes fechadas, sendo
capazes apenas de visualizar no céu apenas pontos brancos sob um fundo preto,
estariam sempre ali para estragar à tarde de alguém. Senti pesar de Jesus, o
próprio, que fora pregado a dois mil anos atrás por apenas dizer que as pessoas
deveriam ser legais umas com as outras para variar, e hoje seu nome é sujado
por esses que seguem as palavras de um homem* que enriquece por passar para as
pessoas ensinamentos ruins e odiosos, salvando-as de um mal que ele mesmo cria.
Eu posso estar errado, pode ser que a “passeata” não fosse com esse motivo, a
situação não me proporcionou ficar lá mais do que o necessário. Mas o que eu
disse aqui vale reflexão de um momento, não breve, mas sim um longo momento
sobre como estamos agindo, cometendo sempre os mesmo erros.
Não gosto de partilhar
experiências ruins, mas às vezes parece necessário, até para que através da
escrita eu entenda melhor as situações. Sei que irei escutar muito sobre está
postagem, mas pouco me importa, pois eles me devem uma tarde.
*Não me refiro ao Papa
-Nick
-Nick
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