Kauwba pediu que eu encerrasse sua breve série de histórias
e reflexões e só tenha uma coisa a dizer. Fiquei feliz com o pedido, tanto
quanto fiquei com os textos.
Desde o início do ano passado nos quatro, não companheiros,
apenas amigos, discutíamos os mais diversos assuntos, lembro-me de um estojo
que continha milhares de tópicos em pequenos papéis que cada dia tirávamos um
para discutirmos no meio das estonteantes aulas. Tópicos que variam de Aborto a
Clint Eastwood, de Religião a cor azul. Sentávamos todos muito perto, era um divertimento
fácil e prestativo. Passado um tempo fomos trocados de nossos lugares e o
estojo nos acompanhou para as aulas de alemão. Nossas duas horas de faulenzen
mental. Mas um tempo e nem durante esse período da semana nos era permitido e o
breve projeto do estojo teve de ser abandonado. Eu e J.Kley também estávamos
trabalhando em uma HQ (ainda estamos) e aquilo envolvia muita conversação desse
grupo. Os messes foram passando, oportunidades surgindo, fui apresentado a
mansão secreta de Mr.T reuniões de almoço nas segundas feiras passaram a se
tornar regulares. Era bom o suficiente para não querermos ter que sair e até
matarmos uma aula provando aquela porcaria de chocolate quente que havia por
lá. Eu havia passado a conhecer muitos artistas e minha tentativa de roteirista
de HQ’s havia me dado à astúcia de dizer que eu escrevia (coisa que era verdade,
mas eu era o único a ler tais escritos), e sempre pediam para ver essas “coisas”
que eu fazia, mas não foi ai que as coisas mudaram. Eu havia feito uma amiga
que realmente insistiu em ver o que eu fazia e não só ler ela me incentivou.
Sim aquela pequena garota da sala 234 me propôs um desafio. Era uma folha com
dez linhas de um conto, um início, e pedia para que eu continuasse. Fiquei
chocado, de tudo que eu havia pensado que poderia conter naquela folha de
caderno eu nunca imaginei que seria um conto. Por isso eu continuei, no meio da
aula, e Kauwba me havia visto fazendo-o e sentiu uma curiosidade na proposta,
ele disse que tivéssemos nossa própria tentativa, e então aconteceu, nosso primeiro
texto: Parágrafos da Matiné 1 (esse nome só veio a existir na publicação, antes
não havia nada). Era um pedaço de caderno um pouco mais rabiscado que os outros
só isso, mas fomos pegando gosto pela coisa. Quando tínhamos algo em torno de quatro
textos me brotou a ideia de posta- los. Com apenas uma tentativa de site aos
doze anos de idade, eu fui atrás de qual seria a melhor mídia de
compartilhamento desses arquivos, com doze anos eu tinha muito empenho e nenhum
propósito, agora tínhamos algum empenho e um propósito bem forte. Contatei
Kauwba para ver o que ele achava da ideia e após aceita a questão era, qual
seria o nome? “O que nós quatro temos em
comum?” “Papel, caneta e uma vontade de extravasar?” “É, mas muito grande para
um nome”. Eu havia ficado realmente pensando sobre o que os quatro tinham em
comum, e posso dizer que não era muito, ainda não é. Nomes bons ficavam
circulando pela cabeça, mas nenhum que servisse o verdadeiro propósito, então
ele veio com a ideia “Quatro Por Um, 4people 1 idea” e era perfeito. Após isso
contatamos os outros dois e foi unanime, tinhamos um Blog. Um blog onde não
precisávamos nos preocupar com nada, um lugar que não importa o que pudéssemos estar
pensando, seríamos bem recebidos, um lugar onde o tema era pensar e fazer (não necessariamente
nessa ordem). E aqui estamos.
É uma
short-long history assim como a série por completo, a história de como
começamos, a quem devemos agradecer por ter isto. Algo que mostra nosso começo,
mas não o final, que está longe de breve. Olhando para trás nós vemos que foi
tudo um grande misturado de tudo, e nem sentimos na hora, estávamos fazendo o
que queríamos. Parafraseando um jovem garoto “Quantos astronautas estão por ai
sendo dentistas? Quantos astros do rock não acabam como psicólogos?”. Estávamos
certos e fazemos o possível para continuar. Olhando para trás, até sinto falta
de provar aquela porcaria de chocolate.
-Nick
Dadaîsmo
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