“Sally! Sally!”
“Adam! Graças a Deus você está bem, eu fiquei horas...”
“Ok Sally, ok. Vá se tranquilizando. Eu estou aqui agora.”
Sei que já se tornou parte da
minha rotina, mas ver Sally saindo pela porta com aquele sorriso desenhado no
rosto, enche meu corpo de orgulho. Orgulho por ter encontrado uma garota assim.
Meu orgulho só aumenta quando desço do cavalo e ela vem correndo me beijar.
“Oh Adam, eu não sabia mais o que fazer. Fiquei rezando para
que você chegasse são em casa.”
“Eu sei querida, mas ficarei poucos dias e então irei
partir. As coisas não vão ficar assim.”
“Não meu amor, por favor, deixe isso pra lá. Nós vamos
encontrar uma saída, sempre podemos voltar.”
Não, nós não podíamos, eu havia
vendido cada pedaço de terra que havíamos possuído.
Eu e Sally nos conhecemos e casamos em Gordburd, ao sul de
Jersey, e lá vivíamos em uma pequena cabana perto do centro. Não tínhamos muito
alem de um ao outro, mas éramos felizes. No ultimo inverno nossos problemas com
dinheiro foram aumentando gradativamente e eu não conseguia nenhum trabalho
fixo. Tudo estava muito difícil até que os Buckness, uma família empreendedora
de Ohio, comprou um grande lote de terras no Oeste e havia se mudado para lá.
Eles estavam contratando um grupo de pessoas para ocupar e cuidar de diversas
partes do grande lote. Eu aceitei a proposta, na promessa de que iríamos viver
ali enquanto o céu fosse azul, o pasto fosse verde e o vento soprasse de todos
os lados, mas parece que existem dias em que o céu não é mais azul, o pasto
seca e o vento não sopra de nenhuma direção. Os Buckness voltaram atrás nas
promessas e tão rápido quanto chegamos já nos queriam ver partindo. Mas eu não
vou deixar que eles me façam de tolo. Eu vivi minha vida inteira de acordo com
as regras, digamos que era isso que eu estava fazendo errado.
Aceitei uma verdade que todos
sabiam, mas ninguém admitia: a justiça no Oeste Selvagem só era feita com o
apertar de gatilhos de Colts e Winchesters.
Juntei uma milícia de homens descontentes com os Buckness
para o bem de nossas famílias. Uma noite, saímos armados em direção a um
pequeno vale onde ficava a residência dos Buckness. Eu dei uma desculpa
qualquer para que Sally não soubesse de nada e assim não se preocupasse.
Chegando às beiradas do vale, jogamos coquetéis Molotov na
casa, fazendo com que a madeira nas paredes estalasse e ardesse em chamas.
Algumas pessoas saíram gritando e pegando fogo, outras com revólveres, que
foram rapidamente fuziladas por nós. Enfim acabamos com todos eles. Enfim
poderíamos viver nossas vidas em paz. Ver os Buckness em terror e ardendo em
fogo foi algo lamentável, mesmo sendo eles que estavam destruindo nossas vidas.
Que Deus me perdoe, tudo que eu fiz foi por Sally. Foi para ver seu rosto até
meu ultimo suspiro. Foi para algum dia, eu ouvir a doce risada de nosso filho.
Foi pela nossa vida. Nick
& J.Kley
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